quarta-feira, 25 de julho de 2012

O futebol olímpico

Textos: FIFA

Histórico das Olímpiadas

Em honra a Zeus, a Grécia se reunia a cada quatro anos no Peloponeso, na confluência dos rios Alfeu e Giadeo, onde se erguia a cidade de Olímpia, que a partir do ano 776 a.C. cedeu seu nome para aquele que viria a ser a maior competição esportiva em toda a história da humanidade, os Jogos Olímpicos - mais tarde, genericamente Olimpíadas - , que teve como primeiro vencedor o atleta Coroebus, cingido por uma coroa trançada por folhas de louro, único prêmio e símbolo da maior vitória.

Invadindo a era cristã (disputava-se a 194a olimpíada, quando nasceu Jesus Cristo), manteve seu espírito esportivo e seu condão mágico de unir homens fazendo-os disputar desafios, até o ano 394 d.C., quando o imperador Teodósio II ordenou sua interrupção, parecendo então condenada ao desaparecimento, a se transformar em um dado histórico apenas. E por quase 1500 anos (exatamente 1492) foi assim, até a intervenção de um idealista francês, o Barão Pierre de Cobertin.

A princípio, apenas homens eram admitidos na disputa, da qual passou a fazer parte, quase como um símbolo, uma homenagem perpétua dos Jogos à Grécia, a Maratona, corrida de fundo na distância de 42 quilômetros e 500 metros, a mesma percorrida por um soldado grego, que a correr levou até Atenas a notícia da vitória de seu exército na batalha Maratona, cidade da Ática, onde se combatiam os persas. Dada a notícia, caiu morto, tornando-se sinônimo da tenacidade.

Atenas foi escolhida pelo Barão de Cobertin com muita propriedade para a retomada dos Jogos Olímpicos em 1896, passando a serem conhecidos como os Jogos da Era Moderna. Uma era que já não dava ao desporto o poder de interromper guerras, mas, ao contrário, era interrompido por elas. Nestes 116 anos, o quadriênio olímpico silenciou seu toque de reunir nos anos de 1916, 1940 e 1944, durante a vigência das chamadas Primeira e Segunda Guerras Mundiais.

O Barão de Coubertin foi o idealizador das Olímpiadas da era moderna.

Londres, 2012.

México, campeão olímpico de 2012.

Pequim, 2008. Quatro anos antes, em Atenas, a seleção argentina quebrava um tabu ao conquistar a primeira medalha de ouro da sua história. Muitos se perguntavam se aquela campanha, marcada por seis vitórias e nenhum gol sofrido, poderia ser igualada.

A resposta veio em Pequim 2008. Com outros seis triunfos consecutivos, a seleção comandada por Sergio Batista voltou a subir no lugar mais alto do pódio olímpico na edição que registrou o maior público total da história da competição.Mas, apesar do que mostram os números, o caminho rumo ao título não foi fácil. Os argentinos precisaram vencer a Costa do Marfim (2 a 1), a Austrália (1 a 0) e a Sérvia (2 a 0) na fase de grupos.

Já nas quartas-de-final, a Holanda foi um osso duro de roer e só caiu com o lindo gol de Ángel Di Maria nos acréscimos. A vitória levou Lionel Messi e os seus companheiros para a semifinal diante do Brasil, jogo que acabou sendo o melhor da seleção argentina na competição, com um categórico 3 a 0 para cima dos brasileiros em noite inspirada de Sergio Agüero.

A final contra a Nigéria não foi um espetáculo brilhante, mas um novo gol de Di Maria, grata revelação argentina, acabou decidindo a partida e estabelecendo um novo recorde para os hermanos: 12 vitórias consecutivas na competição.

Falando em talento individual, a Argentina encontrou em Sergio Romero um substituto de luxo para o lesionado Oscar Ustari. Campeão mundial de juniores em 2007, o goleiro demonstrou estar à altura e não levou um gol sequer em 315 minutos de bola rolando.

Nicolás Pareja foi outro que surpreendeu com o alto nível do seu futebol, assim como Di Maria, que começou o torneio no banco e terminou como peça fundamental, marcando gols nas vitórias contra Holanda e Nigéria. Por fim, uma menção especial para Juan Román Riquelme, cérebro da equipe, e Lionel Messi, o jogador que, sem dúvida, mais desequilibrou no torneio.

Os dois escreveram a história ao lado de Javier Mascherano, único remanescente de Atenas 2004 e o primeiro atleta do país a acumular duas medalhas de ouro.

Nigéria cai de pé e Brasil decepciona

Diferentemente do que acontecera em 2004, a África voltou a mostrar que o torneio olímpico é uma das suas especialidades. Costa do Marfim, Camarões e Nigéria passaram da fase de grupos e encantaram a torcida chinesa, ainda que apenas os comandados de Samson Siasia tenham chegado à grande final.

Mas a Argentina tomou conta do jogo e não permitiu que a histórica conquista de Atlanta 1996 fosse reeditada. Apesar disso, os gols de Victor Obinna e o futebol de Solomon Okoronkwo fizeram brilhar os olhos de todos que acompanharam a bela campanha nigeriana.

A campanha da seleção brasileira merece um parágrafo à parte.

Dunga contou com jogadores de renome internacional, incluindo atletas do porte de Ronaldinho Gaúcho, Diego, Alexandre Pato e Lucas. Venceu cinco partidas, perdeu apenas uma e terminou com o ataque mais positivo da competição com 14 gols. Apesar disso, o que não sai da memória dos brasileiros é a eliminação pela Argentina na semifinal, que representou um novo tropeço na busca pelo único título que o país ainda não possui. A medalha de bronze acabou ficando com o amargo gosto da consolação.

A grande surpresa do torneio foi a Bélgica, que depois de chegar sem muita credibilidade eliminou a Itália e acabou disputando o terceiro lugar com o Brasil. As seleções asiáticas, por outro lado, estiveram longe de repetir o feito iraquiano de 2004. China, Japão, Coreia do Sul e Austrália foram eliminados na primeira fase, mesmo destino que tiveram Estados Unidos, Honduras e Nova Zelândia.

Argentina, bi-campeã olimpica, 2008.

Atenas, 2004. A condição de favorita não vinha fazendo bem à Argentina, que fracassara na Copa do Mundo da FIFA Coreia do Sul/Japão 2002 e perdera a final da Copa América 2004 para o Brasil. O azar finalmente ficou para trás em Atenas, onde a albiceleste conquistou a sua primeira medalha de ouro olímpica, após duas pratas em 1928 e 1996.

O Torneio Olímpico de Futebol Masculino de 2004 foi notável pelo domínio da América do Sul, que colocou dois dos seus representantes na final apenas um ano depois de ter conquistado com o Brasil os títulos mundiais das categorias sub-17 e sub-20. Já a África, que vinha de duas medalhas de ouro, ficou muito abaixo do que se esperava e, assim como a Europa, conseguiu classificar somente um selecionado às quartas-de-final.

Por outro lado, a Ásia, a Oceania e a região da América do Norte, América Central e Caribe demonstraram o seu crescimento. A maior surpresa foi o Iraque, que chegou à semifinal apesar de ter enfrentado muitas dificuldades na preparação. O torneio também foi bastante ofensivo, com uma média de 3,16 gols por jogo.

Conquista indiscutível

Somente uma grande conquista ainda faltava na sala de troféus da seleção argentina de futebol: o ouro olímpico. Pois agora ela não falta mais. Com uma constelação de jovens astros, o selecionado comandado por Marcelo Bielsa não deixou pedra sobre pedra no caminho rumo ao título. O país balançou as redes 17 vezes em seis partidas e foi o primeiro campeão olímpico a conquistar o ouro sem tomar nenhum gol. Além de tudo, os argentinos também contrariaram a reputação de futebol violento ao levantarem, juntamente com o Iraque, o troféu Fair Play. Ou seja, o país tirou nota dez em todos os quesitos.

Os argentinos já mostraram a que haviam vindo na estreia, quando golearam o combinado de Sérvia e Montenegro por 6 a 0 em Pátras. A seguir, foi a Tunísia que saiu de campo derrotada por 2 a 0, antes de os comandados de Bielsa aproveitarem a classificação antecipada e vencerem a Austrália pelo placar mínimo em uma partida tranquila. Depois do descanso, foi a hora de massacrar a Costa Rica por 4 a 0 nas quartas-de-final.

A vitória mais contundente veio na semifinal contra a forte seleção da Itália, com um verdadeiro show de bola e uma goleada por 3 a 0. Para fechar a conta, em uma final totalmente sul-americana, a Argentina fez o dever de casa e derrotou o Paraguai por 1 a 0.

Na constelação argentina, brilharam as estrelas de Carlitos Tévez, artilheiro da competição com oito gols, e também do meia Andrés D'Alessandro e do volante Javier Mascherano — três jogadores que, coincidentemente, viriam a atuar no futebol brasileiro nos anos seguintes. Isso sem contar a eficiente dupla de zaga formada por Gabriel Heinze e Roberto Ayala. Só para se ter uma ideia da força da equipe olímpica argentina, Javier Saviola nem teve oportunidade de sair do banco.

Paraguai comemora a prata

Pouca gente imaginava que o selecionado paraguaio chegasse à final do Torneio Olímpico de Futebol Masculino, mas os comandados de Carlos Jara venceram um disputado Grupo C e ficaram mais confiantes nas fases finais. Após a vitória apertada por 4 a 3 na estreia contra o Japão e a derrota para a seleção de Gana por 2 a 1, os paraguaios surpreenderam o mundo ao derrotar a Itália por 1 a 0 no jogo que decidiu o grupo. A vitória, garantida com um gol de Fredy Bareiro, também foi o resultado de um ótimo trabalho defensivo comandado pelo experiente Carlos Gamarra.

O Paraguai derrotou a resistente seleção da Coreia do Sul por 3 a 2 nas quartas-de-final e passou pelo surpreendente Iraque por 3 a 1 na semifinal antes de perder por apenas 1 a 0 para a Argentina na decisão. Os corajosos guaranis mostraram grande entrosamento e eficiência ofensiva, com doze gols na competição, cinco deles marcados pelo experiente José Cardozo, de 33 anos, e quatro convertidos por uma das revelações do torneio, o atacante Fredy Bareiro.

A defesa, apesar da experiência de Gamarra, não teve tanta facilidade e levou nove gols. Também tiveram atuações de destaque o armador Diego Figueredo e o meia Edgar Barreto, que ficara famoso no Mundial de Juniores da FIFA no ano anterior.

América do Sul domina; Europa e África decepcionam

Com dois representantes na final, a América do Sul confirmou a força das suas seleções de base. Entre as muitas explicações para o domínio sul-americano estiveram os métodos de treinamento avançados, a experiência dos inúmeros jogadores que atuavam nas principais ligas da Europa e a disputa da Copa América como uma preparação ideal em julho.

A maior surpresa, porém, foi mesmo o Iraque. O selecionado do Oriente Médio ficou em primeiro lugar no equilibrado Grupo C, superando Portugal e Marrocos. Com um futebol ofensivo, o país seguiu em frente ao derrotar a Austrália com um gol de Mohammed Emad, um dos seus principais jogadores, antes de ver o sonho da medalha ruir com derrotas para Paraguai e Itália.

Em um selecionado que se destacou pelo entrosamento, também mereceram menções especiais o atacante Mahmoud Younis e os meias Sadir Salih e Abdul Whahab Abu Al Hail. Mesmo impossibilitados de se prepararem no ano anterior, os iraquianos mostraram muita personalidade, repetindo sempre que o principal objetivo era levar um pouco de alegria para um povo tão sofrido. E foi justamente o que aconteceu, talvez ainda mais do que eles esperavam.

A África, por sua vez, não manteve a excelente tradição olímpica do continente. Somente Mali chegou às quartas-de-final, mas perdeu para a eficiente seleção italiana. Momo Sissoko e Tenema Ndiaye até mostraram algum brilho, mas o país não teve força suficiente para ir adiante. Já Marrocos e Tunísia sofreram com a falta de pontaria no ataque apesar de momentos esparsos de bom futebol. A seleção ganesa de Stephen Appiah teve uma boa atuação contra a Itália, mas não aproveitou a sua chance no jogo decisivo do grupo contra o Japão.

A ausência de jogadores importantes não liberados pelos clubes também pode ser incluída entre as razões do fracasso africano. Diante de tudo isso, a África decepcionou e ficou muito abaixo do nível das duas Olimpíadas anteriores, nas quais Nigéria e Camarões haviam levado o ouro depois de derrotarem o Brasil.

Do outro lado, as limitações europeias também ficaram expostas, com a notável exceção da Itália de Andrea Pirlo e Alberto Gilardino. O combinado de Sérvia e Montenegro, enfraquecido por muitas ausências, praticamente nem viu a cor da bola e conseguiu tomar 14 gols em três jogos. Apesar da vantagem de jogar em casa, a Grécia conquistou somente um ponto.

Mas o maior fracasso foi o da seleção portuguesa. Um dos favoritos antes do torneio, o selecionado lusitano já começou mal ao levar 4 a 2 do Iraque na estreia. Depois se recuperou derrotando o Marrocos por 2 a 1, mas decepcionou de novo ao perder por 4 a 2 da Costa Rica. Cristiano Ronaldo não se encontrou em campo, a defesa liderada por Ricardo Costa cometeu um erro atrás do outro e a disciplina ficou devendo, com 13 cartões amarelos e três vermelhos em apenas três jogos. A única boa notícia foi o meia-atacante Danny Alves.

Carlitos mostra seu potencial

Toda a torcida argentina lamentara a sua ausência do Mundial de Juniores da FIFA Emirados Árabes 2003, e o motivo ficou claro com as atuações de Carlos Tévez nos Jogos Olímpicos. Dos 17 gols da Argentina, Carlitos marcou oito - de praticamente todas as formas possíveis - e deu o passe para mais dois. Mesmo com alguma deficiência no jogo aéreo, Tévez deu uma ideia do sucesso que faria ao mostrar excelente posicionamento, aceleração, potência na finalização e oportunismo. Tudo isso com apenas 20 anos.

Argentina, campeão olímpica de 2004.
Sidney, 2000. Somada a uma impressionante garra, a mescla fez de Camarões uma seleção imbatível. No entanto, a viagem teve os seus percalços. O selecionado encontrou dificuldades para derrotar o Kuwait na estreia por 3 a 2 e em seguida não passou de empates apagados com República Tcheca e Estados Unidos, mas o melhor ainda estava por vir.

Os "leões indomáveis" foram a sensação das quartas-de-final ao eliminarem o Brasil, comandado por Vanderlei Luxemburgo. A partida terminou 1 a 1, com Mboma abrindo o marcador e Ronaldinho Gaúcho empatando de falta já nos descontos. Na prorrogação, apesar de a equipe atuar com dois jogadores a menos, o desconhecido Mbami saiu do banco e marcou o gol de ouro que fez dele um eterno heroi do continente africano.

A semifinal contra o Chile começou da pior maneira possível, com um gol contra marcado por Patrice Abanda, mas os leões voltaram a rugir e empataram graças a um gol do capitão Mboma. Nos instantes finais, Lauren Etame Mayer marcou de falta o gol que levou Camarões à decisão do ouro.

Os 104.098 sortudos que lotaram o Estádio Olímpico de Sydney para a final entre Espanha e Camarões viram uma partida inesquecível. Xavi abriu o marcador para os espanhóis de falta logo aos dois minutos, e Angulo poderia ter ampliado a vantagem poucos instantes depois, mas viu o seu pênalti ser defendido por Idriss Carlos Kameni. De qualquer modo, os europeus chegaram ao segundo gol antes do intervalo, com Gabri.

Mas os camaroneses não são chamados de "indomáveis" à toa. Com uma ajudinha de Amaya, que marcou contra, o país chegou ao empate pelos pés de Eto'o. Em seguida, as expulsões de Gabri e José Mari levaram os africanos ao ataque, mas a Espanha segurou o empate até o final da prorrogação.

O campeão olímpico só foi decidido nos pênaltis. Os africanos converteram todas as suas penalidades, mas Amaya realmente não estava no seu melhor dia e chutou no poste, dando pela primeira vez na história o ouro do futebol olímpico a República de Camarões.

A outra surpresa do torneio foi o Chile, que, comandado em campo pelo ídolo Iván Zamorano (artilheiro da competição com seis gols), levou a medalha de bronze. Os EUA ficaram com um honroso quarto lugar, enquanto o Brasil teve de se contentar com o troféu Fair Play.

Seleção de Camarões, campeã olímpica de 2000.

Atlanta, 1996. A Nigéria entrou para a história do futebol olímpico como o primeiro país de fora da Europa e da América do Sul a conquistar a medalha de ouro. O torneio de 1996 foi disputado quase que na totalidade por jogadores abaixo de 23 anos, mas cada uma das 16 nações participantes pôde usar até três atletas acima da idade em um acordo entre a FIFA e o Comitê Olímpico Internacional.

Muitos observadores previam que a Nigéria seria o primeiro país africano a ganhar uma Copa do Mundo da FIFA, pois o país havia conquistado o título mundial sub-16 em 1985 e ficado em segundo dois anos depois. Além disso, nas edições de 1985 e 1989 do Mundial de Juniores, os nigerianos tinham ficado em terceiro e em segundo lugar, respectivamente. No entanto, entre as seleções adultas, sempre haviam ficado pelo meio do caminho nas fases iniciais.

Treinada pelo holandês Johannes Bonfrere, a Nigéria iniciou o caminho rumo à final olímpica com uma vitória por 1 a 0 diante da Hungria e outra por 2 a 0 contra o Japão, mas fechou a primeira fase perdendo por 1 a 0 para o Brasil. Os africanos depois eliminaram o México do goleiro Jorge Campos por 2 a 0 nas quartas para voltarem a enfrentar o escrete canarinho.

Com craques como Bebeto, Ronaldo e Rivaldo, a seleção brasileira chegou a fazer 3 a 1, mas a Nigéria acordou aos 33 do segundo tempo com um gol de fora da área de Victor Ikpeba. No último minuto do tempo regulamentar, o capitão Nwankwo Kanu assumiu a responsabilidade e empatou em meio a uma confusão na frente do gol. No início da prorrogação - que àquela época era disputada com a chamada "morte súbita" -, Kanu apareceu outra vez e assegurou uma das mais impressionantes viradas da história do futebol, em uma partida considerada por muitos observadores como a maior dos Jogos Olímpicos em todos os tempos.

Como se não bastasse, os nigerianos produziram outro milagre contra a Argentina na decisão da medalha de ouro em frente a 86.117 espectadores no Estádio de Sanford em Athens, no estado da Geórgia.

Os argentinos venciam por 2 a 1, com gols de Claudio López aos três minutos do primeiro tempo e Hernán Crespo de pênalti aos cinco da etapa final, mas a Nigéria empatou com Daniel Amokachi aos 29 do segundo tempo. Faltando apenas um minuto, Emmanuel Amunike aproveitou uma linha de impedimento mal-feita por parte dos argentinos e tocou à queima-roupa na saída do goleiro Pablo Cavallero para fazer o gol da vitória por 3 a 2. "Garanto que, enquanto estou falando com vocês, todos na África estão comemorando", afirmou o atacante Sunday Oliseh. "Ninguém vai dormir hoje à noite. Todos estarão felizes. Isto é para todos os países africanos."

Além da Nigéria, a competição teve outras surpresas. A Itália, treinada por Cesare Maldini, foi eliminada após uma desastrosa primeira fase. Os maus resultados e os desempenhos abaixo da média custaram o emprego de Maldini.

O Japão, por sua vez, chegou desacreditado, mas derrotou o Brasil na estreia por 1 a 0. Já a seleção de Gana passou por momentos de agonia e euforia após o empate em 1 a 1 com o México na primeira fase. Os jogadores deixaram o campo cabisbaixos, achando que tinham sido eliminados, mas começaram a sorrir quando o técnico Bora Milutinovic disse que haviam conseguido a classificação às quartas-de-final.

O Brasil, que já tinha ganhado quatro títulos mundiais, perdeu outra chance de levar o ouro olímpico pela primeira vez e teve de se contentar com o bronze. Com três gols de Bebeto, os brasileiros fizeram 5 a 0 em Portugal na decisão do terceiro lugar.

Somente dois anos após o sucesso da Copa do Mundo da FIFA no país, o Torneio Olímpico de Futebol teve grande sucesso nos Estados Unidos, repetindo a consagração de 1984. Um público total de 1.364.142 pessoas assistiu às 32 partidas, com a maior parte dos jogos em rodadas duplas, abertas pela primeira edição do torneio feminino.

Nigéria, 1996.

Barcelona, 1992. Foram poucas as vezes em que o país anfitrião conseguiu conquistar o ouro olímpico no futebol, mas a Espanha chegou lá de forma dramática, com uma vitória de virada sobre a Polônia no Estádio Camp Nou. Francisco "Kiko" Narvaez definiu o jogo já nos descontos encobrindo o goleiro Aleksander Klak em frente a uma platéia de 95 mil espectadores, entre eles o Rei Juan Carlos, a Rainha Sofia e o presidente do COI, Juan Antonio Samaranch.

A Polônia abriu o marcador com Wojciech Kowalczyk nos acréscimos da primeira etapa, mas a Espanha empatou com uma cabeçada de Abelardo aos 20 do tempo complementar, cinco minutos após a chegada do Rei Juan Carlos. Kiko colocou o selecionado anfitrião à frente aos 25, mas a Polônia empatou seis minutos depois com Ryszard Staniek, assegurando muita emoção nos minutos finais.

A Espanha havia dado um show na primeira fase, batendo Colômbia, Egito e Catar com oito gols marcados e nenhum sofrido na soma dos três jogos. Os espanhóis depois derrotaram a favorita Itália nas quartas por 1 a 0, gol de Quico, e em seguida eliminaram Gana por 2 a 0 nas semifinais.

Os ganeses, que tinham a seleção com a média de idade mais baixa (18,8 anos), surpreenderam ao levar o bronze, primeira medalha de um país africano no futebol olímpico. O terceiro lugar veio após a vitória por 1 a 0 sobre a Austrália, outra surpresa do torneio. O gol saiu em uma falta cobrada por Isaac Asare aos 20 minutos de jogo, cinco minutos após o goleiro ganês Ibrahim Dossey defender um pênalti. Dossey depois se lesionou e obrigou o selecionado a encerrar o jogo com o terceiro reserva Simon Addo no gol.

O torneio foi um sucesso artístico, mas a organização ficou decepcionada com o público total em comparação com outras competições recentes de sucesso. Somente 466.300 espectadores assistiram aos 32 jogos, com uma média de apenas 14.572 por partida. Os espanhóis que não compareceram deixaram de ver muitos craques do futuro, como o colombiano Faustino Asprilla, o sueco Tomas Brolin, o italiano Dino Baggio, o australiano Mark Bosnich e o prata da casa Luis Enrique.

Barcelona 1992.
Seul, 1988. Após derrotar seleções altamente qualificadas, a União Soviética conquistou em Seul o seu segundo ouro no Torneio Olímpico de Futebol Masculino. Os soviéticos estrearam empatando sem gols com a Coreia do Sul, mas venceram todos os outros cinco jogos. Na decisão, a URSS precisou da prorrogação para derrotar o Brasil por 2 a 1.

O ainda jovem Romário foi o artilheiro da competição com sete gols. Ele abriu o marcador para o Brasil aos 29 minutos do primeiro tempo da final, mas Igor Dobrovolski empatou de pênalti aos 18 da etapa complementar. O empate só foi desfeito aos 13 minutos do primeiro tempo da prorrogação, quando Yuri Savichev, que havia começado o jogo no banco, fez o gol do título em frente a 73 mil espectadores no Estádio Olímpico.

A vitória foi um grande resultado para a URSS, pois os vice-campeões contavam não apenas com Romário, mas também com outros jogadores do quilate de Bebeto e Taffarel, que viriam a brilhar na campanha brasileira do tetracampeonato mundial em 1994.

O torneio também teve as suas surpresas, como a goleada da Zâmbia sobre a Itália na primeira rodada por 4 a 0, com três gols de Kalusha Bwalya. Tragicamente, muitos dos jogadores do selecionado olímpico do país africano acabariam morrendo em um acidente aéreo antes de um jogo das eliminatórias para a Copa do Mundo em 1993.

A Zâmbia foi eliminada por 4 a 0 no confronto das quartas-de-final com a Alemanha Ocidental, com três gols de Jürgen Klinsmann, que também teria participação decisiva no título mundial do seu país dois anos depois. Os alemães conquistaram a medalha de bronze ao derrotarem a Itália por 3 a 0, com gols de Klinsmann, Gerhard Kleppinger e Christian Schreier.

Nas semifinais, Alemanha e Brasil ficaram em um empate em 1 a 1 após 120 minutos. Nos pênaltis, brilhou a estrela do goleiro Taffarel, que garantiu a presença da seleção brasileira na final olímpica pela segunda vez consecutiva.

Na outra partida, a URSS comprovou ser especialista em prorrogações ao derrotar a Itália por 3 a 2 no tempo extra após 1 a 1 em 90 minutos. Arminas Narbekovas e Alexi Mikhailichenko fizeram um gol em cada tempo da prorrogação, dando grande vantagem aos soviéticos. A Itália ainda chegou ao gol de honra com Andrea Carnevale, que nos anos seguintes enfrentaria o drama de ser suspenso por uma temporada por uso de drogas.

Apesar de o futebol ser novamente a modalidade mais assistida, o público ficou abaixo das expectativas geradas pelas das duas edições anteriores dos Jogos Olímpicos, com 729 mil espectadores assistindo às 32 partidas.

Seul, 1988.
Los Angeles, 1984. Quatro anos depois da ausência de diversos países por causa da invasão do Afeganistão, os países do Leste Europeu devolveram o favor com outro boicote, dessa vez alegando problemas de segurança. Assim, a poucas semanas do início dos Jogos Olímpicos de 1984, as favoritas Alemanha Oriental, Tchecoslováquia e União Soviética tiveram de ser substituídas por Alemanha Ocidental, Itália e Noruega.

Pela primeira vez os profissionais foram aceitos no Torneio Olímpico de Futebol. Porém, os jogadores da Europa e da América do Sul que já haviam disputado a Copa do Mundo da FIFA não puderam participar, o que ajudou seleções como Canadá e Egito, que chegaram às quartas-de-final.

A França, cuja seleção principal havia conquistado o título europeu poucas semanas antes, teve um início ruim ao empatar com o Catar e o Chile antes de passar apertado pela Noruega, mas decolou na segunda fase ao vencer o Egito por 2 a 0, com ambos os gols marcados por Daniel Xuereb. Na semifinal, os franceses derrotaram a Iugoslávia na prorrogação por 4 a 2 com tentos de Guy Lacombe e Xuereb nos minutos finais.

Já o Brasil, tendo como base o Internacional de Porto Alegre, precisou dos pênaltis para derrotar o Canadá nas quartas, e depois passou pela Itália na semifinal. No entanto, foram os franceses que fecharam com chave de ouro um verão inesquecível ao derrotarem o escrete brasileiro por 2 a 0 na final, com gols de François Brisson e Xuereb aos 10 e 17 do segundo tempo. Xuereb se igualou assim na artilharia a Borivoje Cvetkovic e Stjepan Deveric, ambos da Iugoslávia, com cinco gols cada.

Apesar da entrada na última hora, a Itália até que não foi mal, perdendo por 2 a 1 a disputa da medalha de bronze para a Iugoslávia, único país comunista que acabou participando do torneio. Os italianos tinham diversos jogadores que viriam a jogar no selecionado principal, como Daniele Massaro, Aldo Serena, Pietro Vierchowod e o inesquecível líbero Franco Baresi. Já o camaronês Roger Milla só viria a se consagrar seis anos depois, mas deixou a sua marca com um gol diante da Iugoslávia.

O público deu um show particular nas quatro sedes: Palo Alto (Califórnia), Annapolis (Maryland), Cambridge (Massachusetts) e especialmente Pasadena (Califórnia), onde 101.799 torcedores bateram o recorde americano para assistirem à final no Rose Bowl. Os 1.421.627 espectadores das 32 partidas fizeram do futebol a modalidade de maior público dos Jogos Olímpicos. O sucesso ajudou os EUA a convencerem a FIFA em 1988 a presentear o país com a organização da Copa do Mundo de 1994.

Los Angeles, 1984.

Moscou, 1980.  As nações comunistas fizeram a sua própria festa particular em 1980 em função do enorme boicote liderado pelos americanos como represália à invasão do Afeganistão pela União Soviética. Seis outros países que haviam se classificado para o torneio de futebol acompanharam os Estados Unidos: Argentina, Egito, Gana, Irã, Malásia e Noruega. No lugar deles, foram convidados Venezuela, Zâmbia, Nigéria, Iraque, Síria, Finlândia e Cuba.

Por causa das muitas desistências, diversos observadores não consideraram a edição de 1980 um verdadeiro Torneio Olímpico de Futebol. Mas a Tchecoslováquia não estava nem aí e derrotou a Alemanha Oriental por 1 a 0 com um gol de Jindrich Svoboda para ganhar a sua primeira medalha de ouro na modalidade. Pela terceira Olimpíada consecutiva, o campeão anterior levava a medalha de prata. A Alemanha Oriental, por sinal, não tinha nenhum jogador da seleção vitoriosa de 1976.

Na final, as duas seleções tiveram seus principais jogadores expulsos aos 13 do segundo tempo: o tcheco Jan Berger e o alemão Wolfgang Steinbach. Logo depois de substituir Werner Lick aos 28 minutos da etapa final, Svoboda encobriu o goleiro Bodo Rudwaleit para fazer o gol do título.

A final foi jogada abaixo de muita chuva em frente a 80 mil espectadores no Estádio Lênin. O público total foi ainda mais impressionante: 1.821.624 espectadores assistiram às 32 partidas em um recorde histórico que representou 35% do público presente a todas as modalidades em disputa em Moscou.

Uma das maiores surpresas foi a Argélia, que se classificou para a segunda fase do torneio. O selecionado norte-africano foi comandado por Lakhdar Belloumi e também por Rabah Madjer, que em 1987 marcaria o gol do título europeu do Porto diante do Bayern de Munique.

Os soviéticos, surpreendidos pela Alemanha Oriental na semifinal, levaram o bronze após uma vitória de 2 a 0 sobre a Iugoslávia, com gols de Khoren Oganesyan e Sergey Andreev, artilheiro do torneio com cinco gols. Mas o resultado não foi suficiente para a torcida anfitriã, que não teve razão para comemorar na cerimônia de entrega de medalhas.

Tchecoslováquia, campeã olímpica de 1980
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1976, Montreal. Os Jogos Olímpicos de 1976 marcaram o primeiro de três boicotes consecutivos. Gana, Nigéria e Zâmbia não participaram do torneio de futebol por razões políticas, enquanto o Uruguai ficou de fora por motivos internos.

Por causa das muitas desistências, diversos observadores não consideraram a edição de 1980 um verdadeiro Torneio Olímpico de Futebol. Mas a Tchecoslováquia não estava nem aí e derrotou a Alemanha Oriental por 1 a 0 com um gol de Jindrich Svoboda para ganhar a sua primeira medalha de ouro na modalidade. Pela terceira Olimpíada consecutiva, o campeão anterior levava a medalha de prata. A Alemanha Oriental, por sinal, não tinha nenhum jogador da seleção vitoriosa de 1976.

Na final, as duas seleções tiveram seus principais jogadores expulsos aos 13 do segundo tempo: o tcheco Jan Berger e o alemão Wolfgang Steinbach. Logo depois de substituir Werner Lick aos 28 minutos da etapa final, Svoboda encobriu o goleiro Bodo Rudwaleit para fazer o gol do título.

A final foi jogada abaixo de muita chuva em frente a 80 mil espectadores no Estádio Lênin. O público total foi ainda mais impressionante: 1.821.624 espectadores assistiram às 32 partidas em um recorde histórico que representou 35% do público presente a todas as modalidades em disputa em Moscou.

Uma das maiores surpresas foi a Argélia, que se classificou para a segunda fase do torneio. O selecionado norte-africano foi comandado por Lakhdar Belloumi e também por Rabah Madjer, que em 1987 marcaria o gol do título europeu do Porto diante do Bayern de Munique.

Os soviéticos, surpreendidos pela Alemanha Oriental na semifinal, levaram o bronze após uma vitória de 2 a 0 sobre a Iugoslávia, com gols de Khoren Oganesyan e Sergey Andreev, artilheiro do torneio com cinco gols. Mas o resultado não foi suficiente para a torcida anfitriã, que não teve razão para comemorar na cerimônia de entrega de medalhas.
A Polônia, ganhadora do ouro quatro anos antes, teve de se contentar com a prata após a derrota para a Alemanha Oriental na decisão por 3 a 1. O selecionado campeão marcou os seus gols no início e no final do jogo. Hartmut Schade e Martin Hoffman abriram o marcador antes dos 15 minutos de partida, e Reinhard Haefner completou faltando apenas seis minutos para o fim em frente a 71.671 espectadores no Estádio Olímpico. Grzegorz Lato fez o único dos poloneses na final, mas foi o seu companheiro Andrzej Szarmach que conquistou a artilharia do torneio com seis gols.

Os Jogos Olímpicos de Montreal serão lembrados como um trampolim para as carreiras internacionais de vários jogadores de renome. Então com 21 anos, o meia francês Michel Platini usava a camisa 11, e não a dez com a qual viria a se consagrar. Outros destaques foram o goleiro espanhol Luis Arconada e o mexicano Hugo Sánchez, de 18 anos, que posteriormente viria a ser um dos maiores ídolos da história do Real Madrid e do selecionado do seu país.

Platini, que se tornou figura de destaque na seleção principal da França e na Juventus de Turim, marcou três gols na primeira fase do torneio: dois na goleada de 4 a 1 sobre a Guatemala e outro para empatar em 1 a 1 o confronto diante de Israel a dez minutos do fim do jogo.

Mesmo assim, a campanha da França chegou ao fim nas quartas-de-final contra a Alemanha Oriental. O jogo estava 1 a 0 até os 13 do segundo tempo, mas os cartões vermelhos dados a Jean Fernandez e Francisco Rubio facilitaram as coisas para os alemães, que venceram por 4 a 0.

O Brasil perdeu a decisão do bronze para a União Soviética por 2 a 0 em frente a 55.647 espectadores. Realizadas nas cidades de Toronto, Ottawa, Sherbrooke e Montreal, as 23 partidas atraíram um público total bastante promissor de 580.156 torcedores.

Montreal, 1976

Munique, 1972. A Hungria buscava a sua terceira medalha de ouro consecutiva na Alemanha, mas foi derrotada na final por 2 a 1 pela Polônia, que contava com o meio-campista Kazimierz Deyna. Os poloneses estavam perdendo por 1 a 0 no intervalo, mas conseguiram a virada diante de 80 mil espectadores no Estádio Olímpico de Munique favorecidos por uma forte ventania que soprava a seu favor.

Deyna marcou os dois gols na final e um total de nove no torneio, mas ele não era o único astro da seleção polonesa. Robert Gadocha e Grzegroz Lato, que brilharia na Copa do Mundo da FIFA 1982, também foram muito importantes para a conquista.

A Hungria estava invicta nas Olimpíadas desde 1960, quando perdera a semifinal para a Dinamarca por 2 a 0. Desde então, havia vencido 16 partidas e empatado apenas duas.

Entretanto, não havia dúvidas de que a Polônia era a melhor equipe do torneio, que foi disputado em duas fases de grupos de quatro seleções cada em vez de ter quartas-de-final e semifinais. Os poloneses venceram as três partidas da primeira fase. Derrotaram a Colômbia por 5 a 1 com três gols de Gadocha e dois de Deyna, golearam Gana por 4 a 0 com mais dois de Gadocha e um de Deyna e venceram a Alemanha Oriental por 2 a 1 com dois gols de Jerzy Gorgon.

Na segunda fase de grupos, a Polônia chegou à final após empatar em 1 a 1 com a Dinamarca, vencer a União Soviética de virada por 2 a 1 e massacrar o Marrocos por 5 a 0 com mais quatro gols de Deyna.

Em um raro confronto entre as duas Alemanhas na segunda fase da competição, os orientais venceram os ocidentais por 3 a 2. Joachim Streich e Eberhard Vogel fizeram um gol cada na etapa complementar para garantirem a segunda colocação do grupo.

Na disputa do bronze, a Alemanha Oriental empatou com a União Soviética em 2 a 2 e, como nenhum critério de desempate havia sido definido, pela primeira vez na história das Olimpíadas duas seleções tiveram de dividir as medalhas.

 Polônia, campeã olímpica de 1972.

Cidade do México, 1968. Os Jogos Olímpicos de 1968 talvez tenham sido os mais tempestuosos de todos os tempos, e as confusões e problemas se estenderam também ao futebol. A Hungria conquistou a sua terceira medalha de ouro, vencendo a segunda edição consecutiva do torneio. Apenas duas outras seleções haviam conseguido essa façanha: a Grã-Bretanha em 1908 e 1912 e o Uruguai em 1924 e 1928.

Definitivamente, não foi um torneio tranquilo. O Marrocos havia se classificado para o torneio, mas se recusou a jogar contra Israel e foi substituído por Gana. Os israelenses venceram os africanos por 5 a 3 em uma partida com muitas brigas, que se prolongaram até mais tarde na Vila Olímpica. Também houve brigas no confronto entre Tchecoslováquia e Guatemala. Era uma prévia dos dois jogos valendo medalhas, que também foram muito controversos.

Durante a derrota do México para o Japão por 2 a 0 na disputa do bronze, os torcedores mexicanos se enfureceram e começaram a arremessar os assentos do Estádio Azteca para dentro do campo. Uma lamentável situação que se repetiu na final. Sem dúvidas, o Japão foi a surpresa do torneio. Além de ter derrotado a França por 3 a 1 nas quartas-de-final, teve o artilheiro da competição: Kunishige Kamamoto, que marcou sete dos nove gols da seleção japonesa.

A Bulgária havia vencido a semifinal apenas no cara ou coroa, mas saiu na frente na disputa pelo ouro. Diante de 75 mil espectadores, os húngaros conseguiram a virada com gols de Ivan Menczel e Antal Dunai pouco antes do intervalo.

O clima da partida esquentou rapidamente quando o árbitro Diego Deleo expulsou o atacante búlgaro Tzevan Dimitrov. Irritado com a decisão, o seu compatriota Atanas Christov chutou a bola em Deleo e também foi expulso. Pouco mais tarde, Kiril Ivkov também foi para o chuveiro, e a Bulgária ficou com apenas oito homens em campo. Com a confusão, a torcida resolveu voltar a atirar os assentos para dentro do gramado. Juhasv e Dunai marcaram mais um gol cada para a Hungria, que venceu por 4 a 1 e ficou com o título.

O zagueiro húngaro Deszo Novak se tornou o único jogador de futebol a conquistar três medalhas olímpicas: um bronze em 1960 e dois ouros em 1964 e em 1968.

Cidade do México, 1968.

Tóquio, 1964. O novo regulamento do Torneio Olímpico de Futebol determinou a classificação dos segundos colocados de cada grupo. Consequentemente, passou a haver a disputa das quartas-de-final.

Antes mesmo da cerimônia de abertura, os Jogos Olímpicos de 1964 ficaram manchados por uma tragédia ocorrida durante partida eliminatória entre Peru e Argentina em Lima, em que 328 pessoas morreram. A desgraça marcou o início de uma série de problemas. A Coreia do Norte, por exemplo, abandonou os Jogos depois que alguns dos seus atletas de natação e atletismo foram suspensos por participarem de competições não autorizadas.

A Itália também decidiu não competir após ser acusada de convocar jogadores profissionais de futebol. Alguns integrantes da seleção olímpica italiana jogavam pela Internazionale de Milão e haviam participado até mesmo da vitória sobre o Real Madrid na final da Liga dos Campeões da UEFA.

Certamente, também houve bons momentos em Tóquio. Pela primeira vez na história das Olimpíadas, duas seleções africanas, Gana e Egito, passaram para a segunda fase. Os egípcios venceram Gana por 5 X 1, mas foram eliminados na semifinal pela Hungria, que os derrotou por 6 X 0 com nada menos do que quatro gols de Ferenc Bene.

Entretanto, aquela não foi a melhor atuação de Bene, que marcou seis gols na primeira rodada contra o Marrocos e se sagrou artilheiro da competição com 12 gols. A Hungria também balançou as redes seis vezes na eletrizante vitória contra a Iugoslávia por 6 X 5 com quatro gols de Tibor Csernai e outro de Bene.

Na disputa pela medalha de ouro, a Hungria levou a melhor diante de mais de 65 mil espectadores no Estádio Nacional. Os húngaros venceram a Tchecoslováquia por 2 X 1 com um gol contra do zagueiro Vladimir Weiss e um de Bene.

Na disputa do bronze, a Alemanha Oriental conseguiu sua primeira medalha ao derrotar o Egito por 3 X 1.

Tóquio, 1964.

Roma, 1960. Após conquistar a medalha de prata em três edições consecutivas do Torneio Olímpico de Futebol, a habilidosa seleção da Iugoslávia finalmente foi recompensada por sua persistência e conquistou a medalha de ouro.

Dessa vez, a sorte estava do lado dos iugoslavos, que passaram às semifinais no cara e coroa depois de empatarem com a Bulgária. Na partida seguinte, a equipe empatou com a Itália em 1 X 1 e só se classificou para a final ao vencer mais um sorteio. Jogando em casa, a seleção italiana contou com os meio-campistas Gianni Rivera e Giovanni Trapattoni, que no futuro se tornaria um dos maiores técnicos do mundo.

Na disputa pelo ouro, contra a Dinamarca a Iugoslávia mostrou que os resultados dos sorteios não poderiam ter sido mais justos. Logo no primeiro minuto de partida, o capitão Milan Galic acertou um forte chute de fora da área para abrir o placar. Zeljko Matus fez o segundo aos 11 minutos diante de mais de 23 mil espectadores no Estádio Flaminio. Galic acabou sendo expulso de campo por insultar o árbitro, mas Borivoje Kostic fez mais um gol para garantir a vitória. Flemming Nielsen descontou para os dinamarqueses, mas já era tarde e a partida terminou em 3 X 1.

Galic foi o artilheiro da competição com sete gols, um a mais que Kostic.

Apenas três países de fora do bloco soviético conquistaram medalhas no futebol entre 1952 e 1980. Além da prata da Dinamarca, Suécia e Japão ficaram com o bronze em 1952 e 1968, respectivamente.

O Torneio Olímpico de Futebol em Roma marcou uma mudança significativa na estrutura da competição, até então disputada inteiramente no sistema de mata-mata. Foi incluída uma primeira fase de grupos com quatro equipes, com o que cada seleção passou a disputar um mínimo de três partidas. Desde então, esse tem sido o regulamento adotado. Em 1960, apenas os campeões de cada grupo se classificaram para as semifinais.

A Hungria, que havia perdido o núcleo da sua seleção devido à revolução no país, conseguiu ficar com a terceira colocação ao derrotar a Itália por 2 X 1 na disputa do bronze.

Iogoslávia, campeã olímpica de 1960.

Melbourne, 1956. Devido à Revolução Húngara e à consequente reação da União Soviética, apenas 11 países participaram do Torneio Olímpico de Futebol de 1956, que foi a menor competição desde os Jogos de 1908 e 1912.

A União Soviética conquistou a sua primeira medalha olímpica no futebol, justamente a de ouro, logo na segunda participação do país no torneio. Embora os soviéticos não tivessem o costume de cultuar as celebridades, não devem ter ficado nada tristes com o surgimento do goleiro Lev Yashin, que sofreu apenas dois gols em quatro partidas e alcançaria ainda mais glórias no futuro.

Conhecido como "Aranha Negra", Yashin participou de três edições da Copa do Mundo da FIFA, defendeu mais de cem pênaltis e disputou 78 jogos pela seleção ao longo da sua carreira.

No caminho rumo à decisão, os soviéticos quase não conseguiram passar pela esforçada seleção da Indonésia nas quartas e venceram por pouco a Bulgária na semifinal.

Os indonésios armaram sua própria cortina de ferro lá atrás, mantendo dez jogadores dentro da área e apenas um atacante no campo adversário quando os soviéticos estavam com a posse de bola. A retranca funcionou, e os asiáticos conseguiram arrancar um empate sem gols contra os favoritos. Na partida de desempate, entretanto, a União Soviética conseguiu se impor e venceu por 4 X 0 com dois gols de Sergei Salnikov.

Nas semifinais, o lateral direito Nikolai Tisjenko fraturou a clavícula, mas permaneceu em campo com uma tipoia, pois as substituições ainda não eram permitidas. Após um 0 X 0 no tempo regulamentar, Ivan Kolev abriu o placar para a Bulgária durante a prorrogação, mas os soviéticos conseguiram a virada por 2 X 1 com gols de Eduard Streltsov e Boris Tatushin.

Na final, a União Soviética derrotou a Iugoslávia por 1 X 0 com um gol de Anatoly Ilyin aos três minutos do segundo tempo. Zlako Papec teria empatado a partida ao fazer o seu, mas o juiz assinalou impedimento, e os iugoslavos ficaram apenas com a medalha de prata pela terceira vez consecutiva.

A Bulgária conquistou a sua primeira medalha olímpica no futebol ao derrotar a Índia na disputa do bronze por 3 X 0 com dois gols de Todor Diev.

União Soviética, campeã olímpica de 1956.

Helsinque, 1952. Em 1952, o mundo assistiu ao surgimento da seleção da Hungria que faria história no futebol mundial. Liderada por Ferenc Puskás, o "Major Galopante", a equipe que em breve se tornaria conhecida como os "Mágicos Magiares" de fato fez mágica na competição, com cinco vitórias em cinco partidas, 20 gols a favor e apenas dois contra. A campanha dos húngaros foi tão brilhante que a vitória por "apenas" 2 X 0 contra a Iugoslávia na final foi até um pouco decepcionante.

Entre as surpresas se destaca a seleção de Luxemburgo, que nunca havia tido muito sucesso no futebol e venceu a Grã-Bretanha por 5 X 3 na rodada de abertura. O Egito também surpreendeu ao derrotar o Chile por 5 X 4.

A Iugoslávia também correu sérios riscos de ser eliminada logo na segunda rodada, em uma das partidas mais memoráveis da história das Olimpíadas. Os iugoslavos venciam por 5 a 1 em Tampere, mas acabaram cedendo o empate para a União Soviética, que marcou três gols nos 14 minutos finais. Bobrov foi o principal responsável pela reação, balançando as redes três vezes, e Petrov fez o gol de empate quando restava apenas um minuto para o término do tempo regulamentar. Dois dias depois, a Iugoslávia venceu a partida de desempate por 3 X 1 com gols de Stjepan Bobek, Zlatko Cajkovski e Rajko Mitic - que terminou como vice-artilheiro com seis gols, um gol a menos que o compatriota Branko Zebec.

Mas a sensação do torneio era mesmo a Hungria. Depois de passarem com dificuldades pela Romênia, vencendo por 2 X 1, os húngaros pisaram fundo no acelerador para vencerem a Itália por 3 X 0 na segunda rodada, golearem a Turquia por 7 X 1 nas quartas-de-final, com dois gols de Kocsis e dois de Puskás, e massacrarem a Suécia por 6 X 0, com mais dois gols de Kocsis. Na final, aproximadamente 60 mil espectadores assistiram a Puskás e Zoltán Czibor marcarem os gols que garantiram o primeiro ouro olímpico para os húngaros.

A equipe que conquistou o título na Finlândia era praticamente a mesma que venceria a Inglaterra por 6 a 3 em pleno Estádio de Wembley em 1953 e que chegaria à Copa do Mundo da FIFA 1954 como favorita, mas acabaria derrotada por 3 X 2 na final contra a Alemanha. A Suécia, que jogou sem o trio de ataque que havia conquistado a medalha de ouro quatro anos antes, ficou com o bronze ao vencer a Alemanha por 3 X 2.
 
Helsinque, 1952.
Londres, 1948. Devido à Segunda Guerra Mundial, os Jogos Olímpicos não foram disputados durante 12 anos. Nesse intervalo, o futebol profissional se desenvolveu muito, o que limitou o número de atletas amadores ao redor do mundo. Consequentemente, os países do Leste Europeu passaram a dominar completamente a competição.

Entretanto, antes que o domínio se consolidasse, a Suécia conquistou a medalha de ouro em Londres. Aliás, aquele foi o único Torneio Olímpico de Futebol vencido por um país de fora do bloco soviético desde o final da guerra até os jogos de Los Angeles em 1984, quando a França se sagrou campeã.

A edição de 1948 foi um dos torneios com mais gols na história dos Jogos Olímpicos. As redes balançaram 102 vezes em 18 partidas, com uma impressionante média de 5,66 gols por jogo.

Comandados pelo técnico Rudolf Kock, os suecos tiveram um desempenho espetacular, anotando 22 gols em apenas quatro jogos. Os escandinavos venceram a Áustria por 3 X 0, massacraram a Coreia por 12 X 0 com quatro gols de Gunnar Nordahl e três de Henry Carlsson e, na final, bateram a Iugoslávia por 3 X 1 diante de 60 mil espectadores que lotaram o Estádio de Wembley.

Gunnar Gren marcou dois gols na disputa pelo ouro e Nordahl marcou um, sagrando-se artilheiro da competição ao lado do dinamarquês John Hansen, ambos com sete gols.

Na semifinal a Suécia venceu a Dinamarca por 4 X 1 com um gol bastante curioso de Carlsson. Após um lance rápido em que as duas equipes se alternaram na posse da bola, Nordahl percebeu que estava impedido e entrou dentro do gol adversário para sair da posição irregular. Segundos depois, Carlsson cabeceou e marcou.

A seleção sueca era muito forte, e o título não veio por acaso. Após o torneio, Nils Liedholm, Gren e Nordahl foram contratados pelo Milan, onde se consagrariam. Nordahl marcou 210 gols pelo clube de Milão e 15 pela Roma alguns anos mais tarde.

Dez anos após a conquista olímpica, Gren e Liedholm, respectivamente com 38 e 36 anos, defenderam o país mais uma vez na Copa do Mundo da FIFA Suécia 1958. Os anfitriões chegaram até a final, mas perderam para o Brasil, que já contava com Pelé, então com 17 anos.

A disputa pelo bronze foi cheia de gols. No primeiro tempo, a Dinamarca fez 3 X 2 contra a Grã-Bretanha, que era dirigida pelo técnico do Manchester United, Matt Busby. Na etapa complementar, a vantagem aumentou para 5 X 3. John Hansen e Carl Praest fizeram dois gols cada para os dinamarqueses.

Suécia, campeã olímpica de 1948.

Berlim, 1936. Devido à crescente influência do esporte profissional e à criação da Copa do Mundo da FIFA, havia ficado difícil definir o conceito de atleta amador. Sem encontrar uma solução adequada, o Comitê Olímpico Internacional decidiu não incluir o futebol nas olimpíadas de 1932 em Los Angeles. Porém, o esporte voltou mais forte do que nunca na Alemanha em 1936, pois os organizadores precisavam da renda gerada pela modalidade.

Entretanto, houve algumas ocasiões em que provavelmente os organizadores devem ter se arrependido da sua decisão, já que o futebol originou vários incidentes bastante desagradáveis. Na vitória da Itália sobre os EUA, por exemplo, dois americanos já estavam contundidos quando o italiano Achille Piccine foi expulso da partida. O jogador se recusou a sair, e os seus companheiros cercaram o juiz e taparam a sua boca com as mãos. Por algum motivo, o árbitro acabou voltando atrás, e Piccini permaneceu em campo.

O incidente mais complicado, contudo, ocorreu no confronto entre Peru e Áustria pelas quartas-de-final. Faltando quinze minutos para o apito final, os peruanos conseguiram se recuperar de uma desvantagem de dois gols e forçaram a prorrogação. Durante o tempo suplementar, torcedores peruanos invadiram o campo e atacaram um jogador austríaco. Em meio à confusão, o Peru acabou marcando dois gols e venceu por 4 X 2.

Mas a alegria dos sul-americanos durou pouco. A Áustria protestou junto ao Comitê Olímpico Internacional, que anulou a partida e determinou que houvesse uma nova disputa sem a presença de torcedores. O Peru se recusou a jogar, e toda a delegação do país se retirou em forma de protesto, no que foram acompanhados pela Colômbia.

Consequentemente, a Áustria conquistou o direito de enfrentar a Itália na final. A seleção comandada pelo técnico Vittorio Pozzo estava em uma fase incrível depois de conquistar a Copa do Mundo da FIFA dois anos antes, feito que se repetiria em 1938.

Após despachar os EUA, a Itália goleou o Japão por 8 X 0 nas quartas-de-final com quatro gols de Carlo Biagi e três de Annibale Frossi, que tinha um visual bastante incomum, com uma faixa no cabelo e óculos. Na semifinal, os italianos derrotaram a Noruega, e Frossi deixou o dele novamente.

Frossi foi o artilheiro do torneio com sete gols, dois dos quais na prorrogação da disputa pelo ouro que o seu país venceu por 2 X 1 diante de 85 mil espectadores no Estádio Olímpico. A Noruega conquistou a medalha de bronze ao vencer a Polônia por 3 X 2 com três gols de Arne Brustad.

Itália, campeã olímpica de 1932.

Amsterdã, 1928. Se ainda restavam dúvidas sobre o talento do Uruguai mesmo após o ouro nas Olimpíadas de 1924, elas se dissiparam quatro anos mais tarde, quando os sul-americanos foram bicampeões olímpicos. Oito integrantes da equipe que jogara em Paris estavam novamente presentes, entre eles Andrade, José Nasazzi e Hector Scarone.

O torneio contou com algumas partidas inesquecíveis, em especial as disputadas pela Itália. Logo na rodada de abertura, a Azzurra bateu a França por 4 a 3 em um confronto eletrizante. Na fase seguinte, após um empate em 1 a 1 com a Espanha, foi necessário um jogo extra contra os ibéricos, que perderam pelo placar de 7 X 1. Os italianos foram derrotados apenas na semifinal por 3 X 2 pelo Uruguai, que balançou as redes com Pedro Cea, Antonio Campolo e Scarone.

Argentina, Chile e Uruguai foram os representantes da América do Sul em Amsterdã. Os argentinos golearam os EUA por 11 X 2 na primeira rodada, com três gols de Roberto Cherro e quatro de Domingo Tarasconi, e depois venceram a Bélgica nas quartas-de-final e o Egito por 6 X 0 na semifinal. Tarasconi foi o artilheiro da competição com 11 gols.

Embora os uruguaios não tivessem feito uma campanha tão espetacular quanto a da seleção albiceleste, mostraram a mesma eficiência para derrotar a Holanda por 2 X 0, a Alemanha por 4 X 1 e a Itália por 3 X 2 na semifinal.

Na primeira final sul-americana da história dos Jogos Olímpicos, Argentina e Uruguai empataram em 1 X 1. Três dias mais tarde, foi realizada uma partida de desempate dirigida por um árbitro holandês (lembram-se de 1924?).

A equipe do Uruguai - a partir de então compreensivelmente chamada de Celeste Olímpica - escalou cinco jogadores que não haviam atuado no primeiro jogo e venceu por 2 X 1 graças a um gol de Scarone em contra-ataque e outro de Roberto Figueroa.

O gol da Argentina foi marcado por Luis Monti, que também jogou a Copa do Mundo da FIFA 1930 pela sua terra natal antes de se naturalizar para defender a Itália em 1934.

Dois anos mais tarde, as equipes voltaram a se enfrentar em Montevidéu na final da primeira edição do maior evento do futebol mundial. O Uruguai venceu o duelo e conquistou o seu terceiro título de grande prestígio em apenas seis anos.

A Itália ficou com a medalha de bronze após golear o Egito por 11 X 3. A partida foi marcada por um feito raro no futebol: três jogadores, Angelo Schiavio, Elvio Banchero e Mario Magnozzi, anotaram três gols na mesma partida.

1928, Uruguai bi-campeão olímpico.

Paris, 1924. O Torneio Olímpico de Futebol ultrapassou as fronteiras do hemisfério norte com a participação de uma seleção sul-americana em 1924. A habilidosa equipe do Uruguai fez uma estreia inesquecível na competição.
O futebol mundial nunca mais seria o mesmo. Os uruguaios, praticamente desconhecidos na Europa, rapidamente se tornaram a sensação do torneio, goleando a Iugoslávia por 7 X 0. Os sempre perigosos Pedro Cea e Pedro Petrone marcaram dois gols cada.
O craque José Leandro Andrade, o primeiro jogador da história a ser apelidado de "Pérola Negra" (o segundo foi ninguém menos do que Pelé), era o maestro do meio de campo. Com uma categoria impressionante, ele conduziu a Celeste à final contra a Suíça. Para chegar lá, os uruguaios derrotaram os EUA por 3 X 0 com dois gols de Petrone e um de Scarone, a França por 5 X 1 e a Holanda por 2 X 1 na semifinal.

Depois da derrota, a Holanda reclamou da marcação de um pênalti que deu a vitória aos uruguaios, mas o protesto não foi acatado. Os charrúas também contestaram a decisão do Comitê Olímpico, que havia selecionado justamente um árbitro holandês para apitar a final. Cedendo à reivindicação dos sul-americanos, o comitê fez um sorteio para decidir quem seria o juiz na disputa pela medalha de ouro, e o sorteado foi o francês Marcel Slawick.
Na outra semifinal, a Suíça venceu a Suécia por 2 X 1 com dois gols de Max Abegglen, mas quase precisou abandonar a competição por problemas financeiros. A passagem dos suíços de volta para casa era válida por apenas dez dias, e os recursos da delegação helvética haviam se esgotado. O país só seguiu na disputa graças ao jornal Sport, que fez um apelo aos leitores e conseguiu angariar a quantia necessária.
Mas o dinheiro não compra a felicidade, nem medalhas de ouro olímpicas. Mais de 40 mil torcedores lotaram o Estádio Colombes, e outros dez mil ficaram do lado de fora e não puderam ver o Uruguai receber a medalha de ouro. O placar final foi de 3 X 0 para os uruguaios, com gols de Petrone no primeiro tempo e de Cea e Angel Romero na etapa complementar.
A disputa pela terceira colocação precisou ser decidida em duas partidas. Após um empate em 1 X 1, a Suécia ficou com o bronze ao vencer os holandeses por 3 X 1, graças a dois gols de Sven Rydell.
Uruguai, campeão olímpico de 1924.

Antuérpia, 1920. Após um intervalo de oito anos devido à Primeira Guerra Mundial, a bandeira olímpica com os cinco famosos anéis entrelaçados foi içada pela primeira vez na Bélgica, que foi o palco mundial do futebol em 1920.

Aos poucos, o Torneio Olímpico de Futebol estava se expandindo. Foram 14 seleções participantes, inclusive uma de fora da Europa, o Egito. Aliás, os egípcios não fizeram feio na estreia, perdendo por apenas 2 X 1 contra a Itália. Entretanto, as principais manchetes foram sobre a surpreendente eliminação da Grã-Bretanha, então bicampeã olímpica, que foi derrotada por 3 X 1 pela Noruega logo na primeira partida.

Dispensada de jogar a rodada de abertura, a Bélgica venceu por 3 X 1 a Espanha, que tinha no gol o futuro astro Ricardo Zamora. Na semifinal, os anfitriões seguraram o ataque da Holanda e venceram por 3 X 0.

Na sua primeira competição internacional, a Tchecoslováquia marcou 15 gols e sofreu apenas um no caminho até a final, mostrando que poderia ficar com o título. Mas os tchecos não terminaram o que iniciaram contra os belgas na disputa pela medalha de ouro.

Aos 39 minutos de partida, quando o placar era de 2 X 0 para os donos da casa, os tchecos abandonaram o campo em protesto pela expulsão de um dos seus jogadores. Consequentemente, a Bélgica foi declarada campeã olímpica. Os gols da decisão foram marcados por Robert Coppee aos seis minutos e por Henri Larnoe aos 30.

Foi necessário organizar partidas extras para determinar quem ficaria com a medalha de prata. A França se recusou a jogar, pois boa parte do plantel já havia voltado para casa. Assim, Itália, Noruega, Espanha e Suécia jogaram um mata-mata para decidir quem enfrentaria a Holanda pela segunda colocação. A Espanha ficou com a vaga e venceu os holandeses por 3 X 1.

O sueco Herbert Karlsson foi o artilheiro do torneio com sete gols, cinco dos quais marcados na goleada sobre a Grécia por 9 X 0 na primeira rodada.

Bélgica, campeã olímpica de 1920.

Estocolmo, 1912. Em um acontecimento raro na história dos Jogos Olímpicos, todos os medalhistas da competição anterior estiveram presentes em Estocolmo. Onze seleções participaram do Torneio Olímpico de Futebol, que introduziu o costume de disputar a modalidade fora da cidade-sede. Rasunda e Traneburg também abrigaram partidas do evento.

A Grã-Bretanha foi dispensada de disputar a primeira rodada e venceu na sua estreia com facilidade contra a Hungria por 7 a 0 com seis gols de Harold Walden, que também foi o autor de todos os gols da vitória seguinte por 4 a 0 sobre a Finlândia. A Dinamarca foi outra que teve um caminho tranquilo, goleando a Noruega por 7 X 0 na segunda rodada e a Holanda por 4 X 1 na semifinal.

Mais uma vez os bretões venceram os dinamarqueses na disputa pelo ouro, marcando todos os seus gols na etapa inicial. Gordon Hoare balançou duas vezes as redes, enquanto Arthur Berry e Walden completaram a vitória por 4 X 2 diante de 25 mil espectadores no Estádio Olímpico. Ole Anthon Olsen anotou os dois gols dos escandinavos, um em cada etapa.

A Dinamarca jogou sem Poul Nielsen, um dos principais goleadores da equipe, e aos 15 minutos perdeu o meio-campista Charles Buchwald, que saiu contundido. Como as substituições ainda não eram permitidas, a seleção dinamarquesa ficou com apenas dez jogadores em campo até o final da partida.

Walden terminou a competição com 11 gols e foi o artilheiro entre as equipes que disputaram medalhas. Na disputa pelo bronze, os holandeses não tomaram conhecimento da Finlândia, vencendo por 9 X 0 com cinco gols de Jan Vos.

Como não houve nenhuma fase disputada em grupos e algumas das seleções haviam sido eliminadas depois de apenas uma ou duas apresentações, foi organizado um torneio de consolação para decidir as últimas colocações.

Em uma das partidas, a Alemanha venceu a Rússia por 16 X 0 e Gottfried Fuchs igualou o recorde do dinamarquês Sophus Nielsen, que quatro anos antes havia marcado dez gols em um único jogo.

Na época, circularam boatos de que o Czar russo ficou tão triste com a goleada que se recusou a pagar a viagem dos jogadores de volta para casa. A Hungria venceu a final do torneio de consolação por 3 X 0 contra a Áustria.

Final do torneio de futebol de 1912, entre Reino Unido X Dinamarca.
Londres, 1908. Após três tentativas sem sucesso de incorporar o futebol às Olimpíadas de Atenas (1896), Paris (1900) e St. Louis (1904), finalmente o primeiro Torneio Olímpico de Futebol Masculino foi realizado em Londres.

Jogando em casa, a Grã-Bretanha conquistou a primeira de duas medalhas de ouro consecutivas. Oito seleções se inscreveram na competição: duas da França e uma da Suécia, Holanda, Dinamarca, Grã-Bretanha, Hungria e Boêmia, mas as duas últimas desistiram de participar.

O número reduzido de participantes ocasionou algumas situações incomuns e grandes goleadas. Uma vez que Hungria e Boêmia haviam se retirado, Holanda e França chegaram às semifinais sem sequer entrar em campo.

No dia 19 de outubro de 1908, foi disputada diante de cerca de dois mil espectadores no Estádio White City a primeira partida oficial de futebol dos Jogos Olímpicos, que terminou com um massacre da Dinamarca sobre a França B por 9 X 0, com quatro gols do atacante Vilhelm Wolfhagen. No outro confronto pela primeira rodada, a Grã-Bretanha goleou a Suécia por 12 X 1.

Nas semifinais, Hupert Stapley marcou três gols e conduziu a Grã-Bretanha à vitória por 4 X 0 sobre a Holanda, enquanto a Dinamarca derrotou a França A por 17 X 1, o placar mais elástico da história das Olimpíadas. Wolfhagen marcou quatro gols pela segunda partida consecutiva, mas o seu desempenho foi ofuscado por Sophus Nielsen, que balançou as redes dez vezes, um recorde que seria igualado quatro anos mais tarde, mas que permanece até hoje.

Entretanto, Nielsen não marcou nenhum gol na disputa pelo ouro, e a Grã-Bretanha bateu a Dinamarca por 2 X 0 diante de oito mil torcedores no Estádio White City. Frederick Chapman abriu o placar aos 20 minutos e Vivian Woodward, do Tottenham, fechou a conta no primeiro minuto da etapa complementar. Apesar da derrota na partida anterior, a Holanda ficou com o bronze ao vencer a Suécia por 2 X 0.

1908, Grã-Bretanha

1904. Saint Louis. Em 1904 realizou-se um torneio de exibição de futebol sem distribuição de medalhas. Porém devido a grande participação da equipe Galt FC do Canadá, o Comitê Olímpico Internacional reconheceu a participação das três equipes que intervieram no torneio sendo atribuído a medalha de ouro para o Canadá e as de prata e bronze para os Estados Unidos. A FIFA não considera a competição como oficial.

O torneio foi disputado no sistema de todos contra todos entre as equipes Galt FC do Canadá, Christian Brothers College e St. Rose Parish dos Estados Unidos.


1900. Paris. O futebol nos Jogos Olímpicos de Verão de 1900 em Paris foi a primeira aparição do esporte em Olimpíadas. Sendo apenas um torneio de exibição e sem distribuição de medalhas, o torneio contou com clubes de três países e não com combinados nacionais, fato que durante muito tempo não considerava-se a competição oficial.

Porém após análise décadas depois, o Comitê Olímpico Internacional creditou medalhas de ouro, prata e bronze a Grã-Bretanha, França e Bélgica respectivamente

O torneio teve dois jogos realizados, sendo que a equipe com o melhor percentual de vitórias conquistou o título. As equipes Upton Park FC da Grã-Bretanha, USFSA XI da França e Université de Bruxelles da Bélgica participaram do evento conquistado pelo clube britânico.


Time francês do Union des Sociétés Françaises de Sports Athlétiques, vice-campeão da competição.

Artilheiros dos Jogos Olímpicos

Ano Artilheiros Gols

2012 Leandro Damião (Brasil) 06
2008 Rossi (Itália) 04
2004 Carlitos Tevez (Argentina) 08
2000 Ivan Zamorano (Chile) 06
1996 Crespo (Argentina) e Bebeto (Brasil) 06
1992 Juskowiak (Polonia) 07
1988 Romario (Brasil) 07
1984 Cvetkovic e Deveric (Iugoslavia) e Xuereb (França) 05
1980 Sergei Andreev (União Sovietica) 05
1976 Szarmach (Polonia) 06
1972 Deyna (Polonia) 09
1968 Kamamoto (Japão) 07
1964 Bene (Hungria) 12
1960 Galic (Iugoslavia) 07
1956 Veselinovic (Iugoslavia), Milanov (Bulgaria) e D`Souza (India) 04
1952 Mitic e Zebec (Iugoslavia) 07
1948 G. Nordahl (Suecia) e J. Hansen (Dinamarca) 07
1936 Frossi (Italia) 07
1928 Tarasconi (Argentina) 09
1924 Petrone (Uruguai) 08
1920 Karlsson (Suecia) 07
1912 Fuchs (Alemanha) 10
1908 Sophus Nielsen (Dinamarca) 11

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Times do Brasil

2014. Esporte Clube 24 de Maio, de Itaqui (RS)


Lawi F.C., de Teutônia (RS). Foto sem identificação.

1998. Fiateci F.C., campeão de São José do Norte (RS).


1984. Clube Náutico Capibaribe, do Recife (PE). Em pé: Lourival - Solito - Douglas - Luciano Veloso - Isidoro e Carlinhos. Agachados: Dadá Maravilha - Paulinho - Brás - Evaristo e Jadir.

1974. Goiânia E.C., campeão goiano.

1973. Rio Claro F.C., de Rio Claro (SP).

1971. Palmeiras E,C., de Blumenau (SC). Em pé: Coral - Jorge - Brito - Kruger - Parobé e Gonzaga. Agachados: Tarciso - Gauchinho - Chiquinho - Arnaldo e Luis Carlos.

1963. Time do 7º GACosm. de Rio Grande (RS). (Foto: Acervo Arlindo Teixeira)
Anos 1960. Alecrim F.C., de Natal (RN)

1962 - C.E. Aimore Umas das formações daquele ano. Um grande time. Em pé: Gilnei - Pinheiro - Moacir - Soligo - Toruca e Alberto. Agachados:  Darci -  Uga - Parobé - Fernando e Chico Preto.

1960. E.C. Ferro Carril, de Uruguaiana.




1949. E.C. Serrano, de Canela (RS).

Anos 40 - Fotografia do time principal e da direção do ECNH (Foto Acervo Alceu Feijó)

1939. Sport Club Shanghay, do Rio de Janeiro.

1935 - G.E. Força e Luz, de Porto Alegre, em 14 de abril de 1935, quando da inauguração do Estádio da Timbaúva, ocasião em que foi derrotado pelo Internacional por 5x1.

1930 - Desfile do E.C. Juventude, de Caxias do Sul, pelo dia da pátria italiana.

1925. Alecrim F.C., de Natal (RN).

1920 - Pintura a óleo do E.C. Juventude, campeão municipal de Caxias do Sul.

1915 - S.C. Flamengo, do Recife, campeão pernambucano de 1915.

1908 - Primeiro time do Villa Nova A.C., de Nova Lima (MG). Não aparece o goleiro.

1907-1908 - S.C. Internacional, de São Paulo.