quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O Galo Guerreiro


Fotos: Acervo fotográfico do Grêmio Maringá

O Grêmio Maringá, foi fundado no dia 7 de julho de 1961, por desportistas da "Cidade Canção", que se reuniram com a iniciativa de fundar a primeira equipe de futebol profissional da cidade. As cores preta e branca foram escolhidas para o uniforme.

Em 1962, o Grêmio Maringá fez sua estréia no Campeonato Paranaense e iniciou uma trajetória marcante na década de 60, tornando-se Tricampeão Norte-Paranaense em 1963/64/65, e Bi Estadual em 1963/64. O Grêmio Maringá adotou o "Galo" como seu mascote e por suas conquistas e a bravura de seus jogadores e sua apaixonada torcida logo ganhou o adjetivo "Guerreiro".

O Grêmio Maringá Campeão Brasileiro seria representante do Brasil na Copa Libertadores da América em 1970, porém, o Brasil não enviou nenhum representante por motivo da Copa do mundo no México. No ano seguinte o Grêmio Maringá terminou o estadual na 6° colocação. O então presidente do clube, Navarro Mansur, pediu o licenciamento do clube por um ano, porém o afastamento prolongou-se até 1975.

Ausente do campeonato, em 1975, Maringá resgatou seu Grêmio Maringá e a tradição de uma cidade e seu time do coração. Uma vez Grêmio Maringá, sempre Grêmio Maringá. Assim é em Maringá. Em 1977, o “velho Galo Guerreiro" tornou-se campeão Estadual; e em 1981 foi vice.

Em 1998, o Grêmio Maringá foi vice-campeão da Copa Paraná, perdendo a final para o Atlético Paranaense. O Grêmio Maringá participou de torneios nacionais, como a Copa Sul de 1999, e a Copa Sul-Minas de 2000. Em 2001 foi Campeão Paranaense.

No entanto, esse sobe e desce de rendimento trouxe muitas dívidas; em 2002 o clube foi administrado por um consorcio de esportistas. Em situação financeira difícil, o clube foi vendido ao empresário Aurélio Almeida.

Aurélio Almeida comprou a marca Grêmio Maringá (GEM) e transformou o clube em empresa. O Grêmio de Esportes Maringá disputou os estaduais de 2003 e 2004. Em 2005, Aurélio Almeida comunicou a Federação que o Grêmio não mais iria disputar o campeonato, solicitando o licenciamento do clube. Neste período o empresário trabalhou para a reorganização do futuro do clube, para elevar a um nível de 1ª Divisão do Brasil.

Em 2009, Aurélio Almeida anunciou o retorno do Grêmio Maringá à atividade. O clube contratou o campeão mundial Muller como treinador e começou a estruturar seu elenco de jogadores para disputar o Campeonato Paranaense em 2010 e os próximos que virão, com o objetivo de conquistar muitos títulos para o clube. O clube conta com uma das maiores e mais fiéis torcidas do Sul do Brasil. No âmbito nacional a torcida do clube é vista como guerreira como a do Corinthians e do Flamengo.

O Grêmio Maringá participou de vários Campeonatos Brasileiros no passado e agora voltará para o lugar que nunca deveria ter saído, brilhando com muito orgulho no cenário nacional.

O Estádio Willie Davids, com a atual estrutura, foi fundado em 1971 e ja passou por duas reformas. O "WD", apelido recebido pelos torcedores, ja foi casa de diversos clubes da cidade e viveu tempos de glória com o Grêmio Maringá.

O estádio foi fundado em 30 de março de 1953, pela primeira diretoria do Melhoramentos Futebol Clube, em reunião realizada por funcionários da Companhia Melhoramentos em um prédio na Avenida Prudente de Moraes.

A construção do estádio foi iniciada logo após a posse de sua diretoria com a participação de 76 membros da companhia que entraram com Cr$ 1.000,00 cada um, e assim desbravaram a mata, plantaram a grama no campo, fizeram três vestiários, casa para o zelador, cabine de rádio e cercas internas e externas de madeira.

No dia 12 de maio de 1957 o estádio foi inaugurado com o jogo de futebol entre o Melhoramentos e o Londrina, cujo placar foi um empate em 2 X 2, em que Américo Dias Ferraz, então prefeito de Maringá, deu o pontapé inicial do jogo.

2011.

2010.

2008 - Em pé: Wagner - Valdir - Nilo- Cléber - Assis - Alberico e Duílio. Agachados: Freitas - João Marques - Itamar - Nivaldo - Marquinhos e Bambinha.
2001 - Em Pé: Simão (Preparador Físico) - Guilherme - Mauro - Chulapa - Bruno - Pedro - Deik e Professor Scarpeline. Agachados: Fávaro - Nei  - Raí - Robson e Irineu.

Galo de Maringá - Foto enviada por Jociel Soares.
A foto mostra um debate sobre os problemas do Grêmio Maringá, há uns 20 anos, no Restaurante Casarão (Avenida XV de Novembro), com transmissão ao vivo pela Rádio Cultura AM.

Da esquerda para a direita: Antonio Carlos Pupulin, Dr. Júlio Meneghetti, Tony César, Tatá Cabral, Edson Lima, Marcos Baddini e Antonio Roberto de Paula. (Foto: Lauro Barbosa)

1977 - Grêmio Maringá, campeão paranaense. Poster da revista "Placar".

1977 - Campeão Paranaense.

1977 - Em pé: Wagner - Valdir - Didi - Cléber e Albérico. Agachados: Freitas - Ferreirinha - Itamar - Nilvaldo e Marquinhos.

1977 - Campeão Parananense.

O Maringá Histórica publica foto tirada no centro de Maringá, na década de 70, quando o Grêmio Maringá foi convidado pela então CBD (Confederação Brasileira de Desportos) para participar do Campeonato Nacional –que mais tarde virou o Campeonato Brasil.

*O anúncio do convite gerou uma Gremiata (carreata do Grêmio) pelas ruas centrais da cidade. No caminhão, Ferrari Junior (então na Rádio Cultura AM) entrevistando o prefeito da época, João Paulino Vieira Filho.

*Naquela época havia apenas dois partidos políticos: Arena (do governo) e MDB. E existia um ditado: Onde a Arena vai mal, time no Nacional. O Grêmio participou do Campeonato Nacional e saiu-se mal.

1969 - Campeão dos Campeões.

1969 - Campeão dos Campeões.

1969 - Maringá, Campeão dos Campeões.


Célio disputa com Yachim e Chesterniov num lance perigoso. O goleiro russo esteve inseguro, bola na trave. 

Time do Maringá que venceu a equipe soviética.

Time soviético.

Na foto o  presidente Domingos Navarro Mansur e a diretoria do Grêmio Esportivo Maringá, com a "Taça da Amizade" instituída especialmente para o jogo do ano.


Grêmio Esportivo Maringá 3 x 2 CCCP. Naquele histórico dia 13 de fevereiro de 1966, o alvinegro Grêmio Esportivo Maringá em um amistoso internacional, bateu a Seleção da União Soviética por 3 X 2 com o estádio Willie Davids lotado pela torcida vinda de todo o estado do Paraná.

O público calculado em 20 mil pessoas, garantiu uma arrecadação por volta de Cr$ 63 milhões. Os gols do Maringá foram marcados por Luiz Roberto e Edgar, aos 13 e 20 do primeiro tempo.Serebriniev e Banichewski, marcaram para os russos, aos 27 e 42 minutos da primeira fase. O gol da vitória foi assinalado por Edgard aos 13 minutos da fase final. Maurício, Roderley, Edgard, Célio, Haroldo e Zuring, pelo Grêmio, e Afonim, Varonim, Metrevelli e Banichewski, foram os melhores elementos em campo. (Fonte: Revista "Panorama" (n° 166 - Março, 1966 - Reportagem: Miguel Soares / Fotos: Cid Destefani e Kazuo Yokosawa)

A foto é uma relíquia do arquivo pessoal do ex-policial civil Edivaldo Vaz de Queiróz, e mostra o Grêmio de Esportes Maringá, o verdadeiro, na década de 60, tricampeão paranaense. O terceiro, em pé, da esquerda para a direita é Roderley, que mora até hoje em Maringá, considerado um dos melhores zagueiros do Brasil. O quinto, também em pé é Pinduca (que já morreu), um zagueiro que a bola podia passar, o atacante ficava. Sentado na bola, vemos o artilheiro Edgar. Os demais não foram identificados.
Vejam que relíquia esta foto. Ela mostra o estádio Willie Davids na década de 60, quando a arquibancada era de madeira e havia um bom futebol em Maringá. Notem o monte de bicicletas. A foto foi enviada pelo cantor Rebite. 

Esta foto é do início dos anos 60, e mostra o Estádio Willie Davids. Não tinha nada em volta. Em 1973 foram feitas obras que mudaram tudo.


Dos três edifícios que aparecem ao fundo, o da esquerda é o Maria Tereza. O do meio o Atalaia, ao lado da Rodoviária. O da direita não foi identificado. O prédio em frente ao Estádio era a Cerealista Tamandaré, onde hoje é o Mercado Municipal.

1963 - 1964 - 1965 - Tri-Campeão da Série Norte.

1964 - Em pé: Nilo - Macário - Pinduca - Edson Faria - Roderlei e Maurício. Agachados: Osmar - Danubio - Edgar - Walter Prado - Zuring e Luiz Roberto.

1963 - 1964 - Em pé: Roderley - Célio - Vitão - Oliveira - Edson Faria - Nico - Pinduca e Maurício. Agachados Danúbio - Garoto - Edgar - Zuking - Luiz Roberto e Fifi.

1963 - Em pé: Evir - Oliveira - Edson Faria - Macário e Nico. Agachados: Haroldo - Sóca - Garoto - Leonel e Nilson.

1962 (outra) - Em pé: Oliveira - Edson Faria - Asa - Marcos - Macário e Lelei. Agachados: Azevedo -  Mário - Garoto - Silvio e Macedo.

1962 - Em pé: Edson - Gelfi - Marcos  - Macário - Taquinho e Bequinha. Agachados: Neu - Agostinho -  Paulinho - Nico e Geraldo.

1961 - Em pé: Navarro Mansur - Edson Canhoto - Carioca - Noel - Arnaldo - Passarinho - Lelei - Erasmo e Vanderley. Agachados: Martins - Nivaldo - Vlamir - Onofre - Brito e Zé Augusto.

Esta é realmente uma foto histórica: Francisco Rocamora (com fone de ouvido) faz a primeira transmissão de jogo do Grêmio pela Rádio Cultura AM, em 1951. Como naquela época havia poucos aparelhos de rádio, foram colocados alto falantes nas principais ruas deMaringá.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Manifestações de amigos

09-12-2012

Eurico Lara de Caxias do Sul

Caro Nilo (acho que deve ser esse o nome, pelo e-mail). Eu postei um comentário no Blog sobre a matéria do Eurico Lara, mas depois não consegui mais localizar a matéria no blog e não sei se meu comentário foi gravado.

Se voce puder fazer o favor de verificar, agradeço. Por sorte, gravei o comentário e colo abaixo para você postar lá, se não deu certo minha postagem.

A respeito do termo "calaveira", ou "calavera", o apelido de Eurico Lara, postei o que segue:

"No meio dos gaúchos mais ligados ao tradicionalismo, diz-se do "calavêra" (priorizando a pronúncia) algo mais ou menos parecido ao que seria o "malandro" para o carioca; é perspicaz, jogador de truco, "ladrão" de moça (prenda), bom dançador...enfim, um gaúcho pra lá de esperto.

Mas aproveito para incrementar a história de Eurico Lara. Agora, com os festejos do final do "Olímpico" e da inauguração da "Arena" do Grêmio, tenho prestado mais atenção nas coisas do time. Na verdade, sou um gremista que saiu muito cedo de casa e fui acumulando paixões pelo caminho, Corinthians, Flamengo, Cruzeiro, e também torço pelo Caxias, minha terra natal.

Só agora estou sabendo quem foi Eurico Lara através desse blog, despertado pelo narrador dos festejos da inauguração da "Arena", que destaca Eurico Lara entre as projeções feitas ontem na inauguração. Pois bem, cheguemos à história que quero contar.

No bairro onde nasci, Bairro Sagrada Família, em Caxias do Sul, havia quatro times de futebol, o Shangri-Lá (do buteco do seu Plácido, na rua Nestor Moreira), o Conselheiro Farroupilha (da rua Conselheiro Dantas), o Dom Pedro (do buteco do seu Pedro, meu tio Nenê) e o EURICO LARA, do seu Tufica, onde grande parte do time era composto pelos seus filhos Cacau, Fernando,Dirceu, e talvez ainda outros que eu nunca conheci.

Nessa época eu ainda era bem criança, coisa do começo dos 70; o Eurico Lara ficava numa rua que não recordo o nome, talvez seja rua Irmão Maurício, uma pequena rua de um quarteirão apenas, à época, que iniciava em uma das extremidades da rua Nestor Moreira.

Esses quatro times eram bem próximos a minha casa, onde mora meu pai até hoje.Sempre fui curioso em saber de onde tiraram aquele nome "Eurico Lara". Naquela época, tudo o que eu conseguia imaginar é que fosse o pai ou avô do seu Tufica, algo assim, porque, pra mim, criança, era difícil imaginar que se tratasse de uma homenagem a alguém que fizera história no Grêmio.

Algumas vezes, depois de adulto, chegamos a indagar, entre irmãos de onde esse nome poderia ter saído, e a coisa sempre terminava em brincadeiras, porque, de fato, ninguém sabia e possivelmente ainda não saibam até hoje, eu acabei de saber, como disse, através da matéria desse blog.

Parabéns ao autor pela pesquisa, minha tese de doutorado foi sobre história (apesar de ser professor de Matemática) e por isso sei o quanto é valioso e prazeroso esse trabalho de arqueologia do saber.

Outra história curiosa é que no encontro da rua Nestor Moreira com essa rua onde ficava o time do Eurico Lara morava o seu "Quebra-Queixo" e sua família. A duas quadras morro acima tinha o "CTG Tropeiros do Rio Grande", fundado pelo meu pai e onde é sua casa até hoje.

Pois foi nesse lugar em que seu "Quebra-Queixo" tocou a gaitinha de botão, seu filho Roque e seu pai seu Marcílio dançaram a "Dança dos Facões" para o folclorista Paixão Côrtes catalogar essa famosa dança gaúcha.

Algum tempo depois, meu pai. seu Almiro Pereira, se tornou o Patrão do "CTG Paixão Côrtes", que ficava
na outra extremidade da rua Nestor Moreira, início de uma grande rua de Caxias do Sul, a rua Pinheiro Machado.

Enfim, reminiscências!

Denizalde Pereira, Atualmente residindo em Sinop (MT) e professor de Matemática da Universidade do Estado de Mato Grosso.

Observação do operador do blog:  o seu comentário foi publicado, sim. Agradeço pela valiosa colaboração
 e continue prestigiando o blog. Nilo Dias.

17-11-2012

Prezado Nilo. Primeiramente, quero lhe agradecer por ter postado no seu blog fotos do futebol da minha terra : Alvinópolis.

Agora quero lhe pedir uma gentileza, já tentei várias vezes e não consigo fotos dos três principais times amadores de Viçosa (MG): Operário, Escola de Viçosa e Atlético de Viçosa, claro dos anos 60.

Como está aí perto talvez consiga pra mim. Muito grato e um Feliz Natal para você e seus familiares. Um grande abraço e muito grato.

José Silvério de Souza Carvalho (josesilverio.carvalho@gmail.com)

Observação do operador do blog. Lamentavelmente não tenho como conseguir as fotos pedidas. Mas aproveito para pedir aos seguidores do blog, que se possível nos enviem as fotos desses clubes de Viçosa. E retribuo os votos de Boas Festas ao amigo e familiares. Nilo Dias.

21-11-2012

Segue em anexo o que eu encontrei na minha casa, em Melbourne, Australia, a respeito do Noroeste, de Bauru. Veio junto com meus livros antigos.

Abraços

Marcelo Brussi (sobrinho-neto de Irineu Marques Ferreira, o "Pe-de-Boi")


09-11-2012

Como eu queria ter visto os magiares. Nasci em 1989 e fui obrigado a crescer me encantando com Savio, Romario, Edmundo, Tulio, Bebeto. Não que não fossem bons, mas não eram completos, como jogadores de alguns esquadrões dos sonhos, do passado.

Não consigo imaginar um time com Kocsis, Czibor, Bozsik, Puskas e Hidegkuti, com a movimentação tática que tinham, perdendo para o Barcelona de hoje. 

Eliel 

19-10-2012

Belíssimo trabalho, são fotos históricas de quem ajudou a escrever a história do nosso futebol mineiro!!! Parabéns!!!! s mineiros, ano a ano (I)


Cristiano, de Barbacena (MG)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A caixa mágica do seu Luiz

Há um tesouro na rua Bento Gonçalves, em Ijuí. Nenhum mapa da cidade indica o local com um X e nem as preciosidades estão guardadas dentro de um baú enfurnado sob palmos e palmos de areia. É uma caixa de papelão. Umas fotos em preto e branco. Uns pedaços de algodão e de metal, que não é ouro, mas uma liga supostamente menos nobre. É uma vida. Há um tesouro na rua Bento Gonçalves, em Ijuí, e seu guardião quer exibi-lo ao mundo.

Luiz Garbinato, que já foi Garbinatto, mas subtraiu um tê dos papéis por conta das exigências para obter a cidadania italiana, nasceu em 1933 na Ajuricaba que o ex-gremista Carlos Eduardo devolveu ao mapa do esporte-rei. Por aquelas coisas que a razão não explica, quiçá por ter sido escolhido pelos deuses do futebol, atendeu a vocação para colecionar histórias do interior.

A mais antiga foto sua nos muitos álbuns que formou mostra Garbinato com quinze anos, estudando já em Ijuí, em meio aos festejos do 10º aniversário do Esporte Clube São Luiz, em 1948. Mas há mais, há muito mais. Quadros ijuienses perfilados, listagens de partidas de cinco décadas atrás, lembranças de eventos, outras equipes da Região Noroeste do Estado em campo, flagrantes de entregas de faixas, momentos de partidas em andamento captados à perfeição por precárias câmeras interioranas da década de 1950, flâmulas, Copas e balões de couro.

O banal dos outros convertia-se, ao seu olhar, em material que não podia faltar para os seus registros. Hoje, viraram raridades. “Se soubessem que eu tenho isso aqui, iam enlouquecer”, diz. Garbinato foi zagueiro. Defendeu o São Luiz num período em que o clube vestia um fardamento listrado verticalmente em vermelho e branco, hoje completamente esquecido, mas também foi a campo com as cores do outro grande clube de Ijuí, o Grêmio Esportivo Gaúcho.

Jogou em tempo pródigo para as disputas citadinas, vivendo os Campeonatos Ijuienses disputados em triangulares, na época em que o desconhecido e efêmero São José da cidade exercia o papel de lanterninha. Amador no esporte, formou-se em contabilidade, guardou a pelota da sua última partida na "Colmeia do Trabalho" e bandeou-se para trabalhar no Frigorífico de Três Passos em 1954.

Gremista, corinthiano e vascaíno, resquícios duma época em que o rádio fazia interioranos elegerem equipes do centro do país para torcer, divertia-se em desenhar escudos dos times e caricaturar os ídolos. Capaz de recitar de memória a escalação inteira da Seleção Brasileira do "Maracanazo", foi a Três Passos e levou o futebolismo impregnado até a medula.

Lá, viu clubes nascerem e morrerem. Fê-lo dentro do palco, com o olhar de quem participa, e não como um espectador inerte. Se o município abrangia toda a Região Celeiro, incluindo em seu território as áreas das atuais Santo Augusto, Chiapetta, Coronel Bicaco, Campo Novo, Redentora, Miraguaí, Boa Vista do Buricá, Humaitá e Crissiumal, no futebol os nomes eram só dois: Minuano e Juventus.

O gélido Minuano cortava as campinas três-passenses com mais destaque. Em 1955 e 1956 conquistou os dois primeiros títulos da cidade, e por aquela época já vencera também a Chave Amarela do Gauchão de Amadores, antes de ser eliminado pelo forte Internacional de São Borja, nos mata-matas (derrotas por 3 X 2 fora de casa e 1 X 4 em Três Passos).

Então uma fase preliminar do estadual da categoria, a série Amarela era disputada contra o Oriental de Três de Maio, o Juventus de Santa Rosa e o campeão de Santo Ângelo, definido nos triangulares entre Tamoio, Elite e Grêmio Santo-Angelense. Fosse uns anos mais tarde, o clube poderia se dizer campeão do Rio Grande – em 1959 os grupos coloridos seriam transformados cada qual num campeonato independente, divisão mantida até 1970.

No Estádio Municipal Eurico Lara, antigo nome do campo utilizado ainda hoje para o futebol em Três Passos, o Minuano de Garbinato recebeu quadros de todos os cantos do Estado, incluindo o Juventude de Caxias do Sul e o Nacional de Porto Alegre, que contava com o lateral Ortunho, mais tarde herói no Grêmio.

Acostumou-se às conquistas contra equipes de fora do país – em casa, com um 5 X 2, venceu o Torneio Banco Agrícola diante dos argentinos dum certo Guarany de Oberá; da cidade de El Soberbio, na Província de Misiones, voltou com o troféu da competição comemorativa ao terceiro aniversário do quadro local. Aí, de um golpe só, sumiram o Minuano e o Juventus. Como numa festa em que a música para no melhor momento, a administração municipal decidiu reformar o estádio, deixou os dois sem ter onde jogar e, como as obras não terminassem, os esféricos de couro murcharam por toda a Três Passos querida.

“O futebol no interior não tem como ficar vivo sempre”, lamenta Garbinato, “mas a gente procurava evitar que ele parasse”. E que lugar melhor que a várzea para recuperar o espírito? Foi jogando nos campos de terra do município que o futebol voltou. Marcas registradas do Frigorífico de Três Passos, a Missioneira e o Corcovado ressurgiram por seus funcionários como clubes esportivos. Logo os times eram formados por mais pessoas do que apenas trabalhadores do frigorífico.   Sem substituições permitidas pela regra, montavam-se quadros de aspirantes, para que os reservas atuassem.

O time com referência às Missões foi mais longe do que o que remetia ao Rio: enquanto o Corcovado encerraria suas atividades, o Missioneiro conquistou um tricampeonato citadino entre 1960 e 1962, filiou-se à Federação Riograndense de Futebol e reeditou as glórias da cidade no estadual de amadores – em 1962, saiu vice-campeão da Série Amarela (agora um campeonato próprio), derrotado na decisão pelo América de Tapera, com um empate em casa e uma derrota por 1 X 0 fora, porque “o goleiro titular não jogou lá”. A taça desse vice-campeonato, seu Luiz também a guarda.

A cidade incendiou-se novamente em paixão, até Juventus e Minuano retornaram. Por alguns anos, enfrentaram-se os dois, mais o Missioneiro, no citadino. Questionou-se se não valia a pena partir para o profissionalismo, unindo forças. No início de 1966, representantes de cada clube foram convidados para uma reunião que discutiria o tema. Garbinato se opôs: com um time só não haveria motivação, nem rivalidade, mas foi voto vencido. Em fevereiro, a fusão do trio três-passense deu origem ao Três Passos Atlético Clube, o TAC.

Nas cores, o rompimento das ligações com o passado ficava explícito: para não tomar nenhum partido, aboliram o vermelho do Juventus, o azul do Minuano, o verde do Missioneiro e o branco de todos eles. A nova equipe vestiria amarelo e preto, ao estilo do Peñarol. Mas o profissionalismo era só até a metade. Com exceção de uns poucos privilegiados de mais nome, a maioria dos jogadores precisava de outros empregos para viver – quando se contratava um atleta de fora, a regra de ouro dos diretores do futebol era, antes, assegurar-lhe um lugar no setor de serviços da cidade.

O entusiasmo dos primeiros anos levaria o TAC a conquistar a Terceira Divisão do Rio Grande do Sul em 1969. Luiz Garbinato, que, apesar de contrário à fusão, seguiu apoiando o time, viu seus temores virarem reais pouco tempo depois. Os anos passavam e a comunidade se afastava. O dinheiro faltou. Nas cabeças do clube, jogava-se na loteria esportiva para tentar ganhar algum dinheiro e salvá-lo. Luiz de Medeiros, o dirigente visionário que após a morte seria homenageado substituindo o nome de Eurico Lara no estádio local, via seus projetos de investimento na estrutura da agremiação se complicarem dramaticamente.

A justiça nomeou uma comissão interventora de três pessoas para tentar mudar o destino do clube que já não podia se manter – Garbinato foi o tesoureiro da comissão, cuja missão era administrar o dinheiro enviado pela Secretaria da Educação para a construção de um ginásio nas cercanias do estádio, e sanar o déficit do TAC. As verbas do ginásio foram insuficientes – enquanto em Bagé, terra do presidente Emílio Garrastazu Médici, sobravam cruzeiros para construir o segundo maior ginásio do Rio Grande do Sul, em Três Passos foi preciso recorrer a outras fontes para conseguir cobrir a quadra.

Quanto ao TAC, a comissão conseguiu pagar as dívidas trabalhistas, mas o legado não foi além disso. O estádio, doado pela prefeitura ao clube no momento da sua fundação, foi devolvido à administração municipal, e assim segue até hoje. O futebol da cidade desapareceu por anos. Em 1986 um espectro do Minuano tentou retornar sozinho ao cenário futebolístico, mas a ideia morreu no parto.

Três anos depois, quando Garbinato deixou Três Passos para voltar à Ijuí em que vive atualmente, o TAC ensaiava um regresso, que não durou meia dúzia de temporadas. Sua última volta ao profissionalismo só aconteceu nesta década, em 2005, e por iniciativa de pessoas que Luiz Garbinato desconhece. Só sabe que fizeram bem. Respeita os abnegados que batalham para manter o futebol interiorano, como ele sempre fez: “eu era aquele cara que, no dia do jogo, ia abrir o estádio, botava a bilheteria a funcionar, e depois fardava e entrava em campo”.

Guardião de uma história que muitos desconhecem, sonha em ver, um dia, todo o seu acervo exposto num Museu do Esporte, de preferência em Três Passos. Mas quer algo sério, para que todos os torcedores possam ter acesso. Para que os antigos recordem as jornadas de antanho e os mais novos compreendam a luta e a grandeza ocultas que há em cada time do interior. Enquanto não lhe oferecerem garantias, suspeita que seu material reunido ao longo de uma vida ficará em mãos inconfiáveis, desvalorizado num canto. Até que se aprenda a preservar a memória, a mágica caixa de papelão do seu Luiz será o lugar mais seguro para tamanha riqueza. (Fonte: http://futebesteirol.blogspot.com.br/2009/06/caixa-magica-do-seu-luiz.html)

Luiz Garbinato.

Fonte: Nota esportiva publicada na "Retrospectiva dos 20 anos do Jornal da Manhã de Ijuí", no dia 1º de maio de 1993. O jogo aconteceu no ano de 1974.

1955, Minuano F.C., campeão do "Torneio Banco Ágricola", quando goleou por 5 X 2, ao Guarany de Oberrá, da cidade de El Soberbio, na Província de Misiones, Argentina.  

1950/1951. G.E. Gaúcho, bi-campeão de Ijuí.

1950/1951 - E.C. São Luiz, vice-campeão municipal de Ijui.

Corcovado, de Três Passos.  

Juventus, de Três Passos.

E.C. Missioneiro, de Três Passos.  

Juventus, de Três Passos, outra foto.

E.C. Missioneiro, de Três Passos, outra foto.  

Minuano F.C., de Três Passos, outra foto.  

A camisa do Minuano F.C.

Reliquias guardadas por seu Luiz.

1961. Flâmula do E.C. São Luiz, de Ijuí.  

Troféu conquistado pelo Minuano, contra o Guarany, da Argentina.

Taça de vice-campeão estadual de amadores, conquistada pelo E.C. Missioneiro, em 1962.

1939 - Time do São Luiz jogador e técnico Antônio Alves de Souza Quevedo o Conde nº 2 e o garoto Augusto Domingues nº 11, junto com Avelino 1 Juracy Fanfa 3 Walfredo Fonseca 4 Lude Bührer 5 Ludwig Reichardt 6 Pedrinho Trindade 7 Júlio Eichelberg 8 Jarbas Assumpção Soares 9 e João Fonseca 10 (Foto Acervo particular)