quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Verdadeiras reliquias (I)

Bob Marley jogando futebol. A foto é do final da década de 1970.
1961. Fidel Castro foi um grande futebolista. Afeiçoado desta modalidace esportiva, incrementou-a nas escolas cubanas e, igualmente ressucitou o Campeonato Nacional, de maneira gigantesca. Ei-lo quando dava o pontapé inicial do aludido certame. (Foto: Gazeta Esportiva Ilustrada)
1961. Guarani F.C., de Campinas (SP). (Foto: Gazeta Esportiva Ilustrada)
1961. Associação Prudentina de Esporte Atléticos, de Presidente Prudente (SP). (Foto: Gazeta Esportiva Ilustrada)
Peixinho, da Associação Ferroviária de Esportes, de Araraquara (SP), e Chinesinho, da S.E. Palmeiras. (Foto: Gazeta Esportiva Ilustrada)
1961. Pelé e Garrincha. (Foto: Gazeta Esportiva Ilustrada)
1961. Pelé e Vavá. (Foto: Gazeta Esportiva Ilustrada)
1961 - Joaquinzinho e Luizinho, dois ex-corinthianos no C.A. Juventus, de São Paulo. (Foto: Gazeta Esportiva Ilustrada)
1961. Ari, goleiro do C.R. Flamengo, do Rio de Janeiro. (Foto: Gazeta Esportiva Ilustrada)
1961. Belini, zagueiro do C.R. Vasco da Gama. (Foto: Gazeta Esportiva Ilustrada)
1961. Jair Marinho, do Fluminense F.C., do Rio de Janeiro. (Foto: Gazeta Esportiva Ilustrada)
1961. Pompéia, goleiro do América F.C., do Rio de janeiro. (Foto: Gazeta Esportiva Ilustrada)
1961. Félix, Nardo e Nélson, da Portuguesa de Desportos. (Foto: Gazeta Esportiva Ilustrada)
1952. C.R. Flamengo, do Rio de Janeiro. (Foto: Anuário Esporte Ilustrado)
1952. América F.C., do Rio de Janeiro. (Foto: Anuário Esporte Ilustrado)
1952. Fluminense F.C., do Rio de Janeiro. (Foto: Anuário Esporte Ilustrado)
1952. Olaria A.C., do Rio de Janeiro. (Foto: Anuário Esporte Ilustrado)

1940. Seleção Gaúcha.
1931. Seleção Gaúcha.
1931. Seleção de Pernambuco.
1931. Seleção Carioca.
1930-1931. Grande ataque do Estudiantes, de La Plata (Argentina), chamado de "Los Profesores": Lauri - Scopelli - Zozaya - Ferreira e Guaita. (Foto: Acervo do Estudiantes)


1913. Americano, de São Paulo.
1912. Estudiantes, de la Plata (Argentina). (Foto: Acervo do Estudiantes)
Vista aérea do Derby Club, antigo hipódromo do Rio de Janeiro, onde hoje está localizado o Estádio do Maracanã.
Bem ao meio da curva da pista, o edifício onde funcionou o Museu do Índio, originalmente um centro de veterinária do Exército, erguido na década de 1910.

As primeiras carreiras de cavalos no Rio de Janeiro eram realizadas nas areias da Praia de Botafogo, no início do século XIX, "pela manhã, às horas que permitir a maré", segundo reportagem da "Gazeta do Rio de Janeiro", de 1814.

O primeiro hipódromo do Rio foi o "Prado Fluminense". O Derby Club, fez sua primeira reunião em 1885 -o hipódromo, mostrado na foto, havia sido edificado em terrenos adquiridos à Condessa de Itamaraty. O Derby Club fundiu-se com o Jockey Club na década de 1930. (Foto do início do século XX, do Acervo de George Ermakoff.)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O futebol de Iguape


Resumo histórico

Iguape é um município brasileiro do estado de São Paulo. A palavra "iguape" tem origem tupi-guarani e significa "água redonda". Não se sabe, porém, por que os indígenas chamavam essa região assim.

Uma possível explicação para esse nome é a planta aguapé, bastante comum na região. Também acredita-se que o desenho do rio Ribeira de Iguape nessa área, onde ele se aproxima bastante do mar e depois retorna ao interior para desembocar mais à frente possa ser origem do nome.

Seu centro histórico é tombado pelo IPHAN como patrimônio nacional desde 2009.
Oficialmente, Iguape foi fundada em 3 de dezembro de 1538 (471 anos). A data de fundação atual foi estabelecida em 1938, pelo então prefeito, Manoel Honório Fortes, o qual incumbiu uma comissão de historiadores paulistas, presidida pelo ilustre Afonso d'Escragnolle Taunay, para estabelecerem a data provável da fundação, sendo aceito o dia 3 de dezembro de 1538, baseados em documentos históricos que usam como referência a data de separação de Iguape e Cananeia.

A real data da fundação do município é desconhecida. Alguns historiadores chegam a acreditar que já havia europeus vivendo na região mesmo antes do descobrimento do Brasil por Pedro Álvares Cabral.

Remonta a 1577, a data que o povoado foi elevado à categoria de Freguesia de Nossa senhora das Neves da Vila de Iguape, quando foi aberto o primeiro Livro do Tombo da Igreja de Nossa Senhora das Neves, construída no local conhecido por Vila Velha, no sopé do morro, chamado de "Outeiro do Bacharel", defronte a barra do Icapara.

Não se sabe ao certo, a data da elevação à vila, porém, acredita-se que tenha sido entre 1600 e 1614, quando, neste último ano, foi iniciada a construção da antiga Igreja Matriz, já no local atual, no centro urbano, após a mudança da então freguesia, ordenada pelo fidalgo português Eleodoro Ébano Pereira.

A vila foi elevada a cidade pela lei n° 17 de 3 de abril de 1848 com o nome de Bom Jesus da Ribera, mas no ano seguinte, por lei n° 3 de 3 de maio, modificado o nome para Bom Jesus de Iguape, e o costume popular simplificou para Iguape.

Seleção de Iguape. Sem identicação. (Publicação: Roberto Fortes)
São Paulo F.C. Sem identificação. (Publicação: Roberto Fortes)
Nacional F.C. Sem identificação. (Publicação: Roberto Fortes)
Ceub. Sem identicação. (Publicação: Roberto Fortes)
A.A. Funil, campeã da cidade em 1974. (Publicação: Roberto Fortes)
Em 1958, o Brasil venceu pela primeira vez a Copa do Mundo. Foi uma apoteose em todo o País. O povo saiu às ruas para aclamar a consagradora vitória. Iguape, que sempre foi amante do esporte bretão, não ficou atrás, e comemorou condignamente a histórica vitória. Na foto, vemos a comemoração feita na Praça da Basílica, promovida pelas moças iguapenses e assistida por respeitável público. (Publicada por Roberto Fortes)
No dia 10 de janeiro de 1955, era fundado um dos maiores times da história futebolística de Iguape: o vermelho e negro 55 Futebol Clube, que venceu inúmeros campeonatos durante sua gloriosa existência. Na foto, de 1958, vemos a equipe campeã no ano de seu tetracampeonato. Em pé: Elísio França (técnico) - Janguinho - Cleto - Gentil - Bari - Pio e Alaor. Agachados: Raul - Irineu - Nelsinho - Jaíco e Nei. (Publicação: Roberto Fortes)
55 F.C. Em 12 de maio de 1957, quando foi campeão do “Torneio Início”, organizado pela Liga Iguapense de Futebol Amador (Lifa). (Publicação: Roberto Fortes)
1934. Maneco Indaiá. Vulto popular na cidade, futebolista categorizado, Manoel de Camargo (carinhosamente chamado de "Maneco Indaiá") foi considerado em seu tempo o maior jogador de futebol da cidade. Era a estrela do timaço "Ypiranga Football Club", formado pela gente boa da "Folha Larga", como então era conhecido o tradicional Bairro do Canto do Morro. Na foto, de 11/11/1934, vemos o saudoso esportista trajando a camisa do seu amado time "Ypiranga", um dos mais importantes da história futebolística de Iguape. (Publicação: Roberto Fortes)
1929. Santos F.C. Na década de 1920, muitos times de futebol foram fundados em Iguape. Entre eles, o legendário "SANTOS FUTEBOL CLUBE", formado por futebolistas da "Rua da Palha" (Rua Tiradentes) e da "Folha Larga" (Canto do Morro). Na foto, de 29/12/1929, vemos, da direita para a esquerda, em pé: Mário Rocha - Ovídio Sabino - Appio Rocha - João 21 - Dio Crecio - Dito Monteiro - João Pedro - Antônio Pedro - Diamantino Paca e Domingos. Sentado: Américo Mâncio. (Foto: Cortesia do senhor Abnuar Octavio Rocha, filho do senhor Appio Rocha - Publicação: Roberto Fortes)
Pelos idos de 1927 era fundado o famoso time do Minas F.C., que reunia futebolistas, em sua maioria, da histórica "Rua da Palha". Na foto, de 26/10/1927, vemos, em pé: Theophilo Fortes Nico - Miloca - Armando Carneiro e Ovídio Sabino. Agachados: Irmão de Nico - Totó do Vale e João Pedro. Sentados: Velho - Américo Mâncio e Appio Rocha. (Foto: Cortesia do senhor Abnuar Octavio Rocha, filho de Appio Rocha - Publicação Roberto Fortes)
1924. América. Como todo bom jogo de futebol precisa ter dois times para ser realizado, apenas dez dias após a fundação do "Iguape Foot-Ball Club", exatamente no dia dia 11 de junho de 1919, nascia o segundo time de futebol da cidade: o "América Foot-Ball Club".

Foi fundado por operários da cidade e, mais tarde, por empregados do comércio e outras ocupaçöes distintas. Seu primeiro presidnte foi Joaquim Paiva Júnior. Foi, sem dúvida, o melhor time de sua época e um dos melhores de toda a história do futebol iguapense.

O uniforme era da cor alvi-rubro. Seu campo foi oficialmente inaugurado no dia 15 de maio de 1921, com um jogo entre contra o rival Iguape. Foi uma das primeiras praças esportivas do litoral paulista. O "América" jogou regularmente até fins dos anos 20, quando encerrou suas atividades futebolísticas.

Na foto, de 15/08/1924, vemos, à direita, de chapéu e bigode, o farmacêutico Waldomiro Athayde, diretor do time, e, sentado e segurando a bola, o lendário goleiro Américo Mâncio, o mais famoso esportista iguapense de todos os tempos. (Publicação: Roberto Fortes)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A Pátria de Bombachas


FOTOS: Livro "1956 - Uma Epopéia Gaúcha no México", de Eduardo Valls

No dia 18 de março de 1956, o futebol gaúcho conquistou uma de suas maiores vitórias. Nesse dia, a Seleção Brasileira, formada por jogadores gaúchos, empatou em 2 X 2 com a Argentina, no Estádio Olímpico, no México, e conquistou o Campeonato Pan-Americano. A vitória significou o salto definitivo do futebol sulino em direção à maturidade, além da enorme projeção nacional. A equipe titular foi treinada por Francisco Duarte Júnior, o Teté, então técnico do Internacional de Porto Alegre.

Era fim de 1955 quando a notícia chegou: um selecionado gaúcho iria representar o scratch canarinho no 2o Campeonato Pan-Americano. Pouca gente acreditava que essa decisão da CBD (hoje CBF) teria algum futuro. A imprensa carioca dava frouxos de riso. Diziam eles que se um selecionado paulista que também representara o Brasil num certamente sul-americano um pouco antes havia naufragado, qual seria o galardão de um bando de gaúchos, senão a pior das derrotas?

Do meio desse pessimismo, um homem, Aneron Corrêa de Oliveira, resolveu defender a decisão da Confederação: fiasco maior que o paulista não iria acontecer. E a guerra começou. Mário Morais, cronista paulistano, defendia aos quatro ventos que o fiasco era eminente: “Temeridade! Temeridade! Incompetência da CBD!” - diziam. Nunca uma desgraça fora tão cantada aos quatro ventos como essa.

No Sul, começavam as providências: alheio à essas polêmicas, o treinador escolhido para a Seleção foi Teté. Tido como treinador turrão (virtude que lhe fora herdada dos tempos de caserna) e folclórico (já que ele era famoso por lidar com toda a espécie de macumba), sabia como poucos tirar o máximo de seus atletas e trabalhava com um inusitado esquema tático calcado na movimentação dos jogadores de ala, num 4-2-4 que seria futuramente entronizado pelo Brasil na Copa da Suécia.

Porém, mais inusitada foi a expressa determinação de Teté: ao escalar o grupo para o Pan, ele decidiu prescindir de atletas do centro do país. Mesmo com toda a pressão, ele se manteve convicto em seus interesses. Para o certame, convocou oito de seus jogadores do Inter, mais Raul Klein, do Floriano (hoje Novo Hamburgo) Aírton Pavilhão, Ênio Rodrigues, Sérgio Moacir, Ortunho e Juarez, do Grêmio, e Duarte, do Brasil de Pelotas. O “Marechal das Vitórias”, como era conhecido, também foi o criador do terceiro goleiro na seleção. Ele solicitou à CBD a inscrição de um atleta a mais para a defesa, para a disputa. O terceiro homem dos arcos foi Valdir Morais, do extinto Renner de Porto Alegre.

O Brasil estreou num 1o de março. Enquanto todos os países eram representados por suas forças máximas, nossa Seleção era a pátria de bombachas. O Chile, que meses antes, havia goleado a Seleção Paulista com a camisa da CBD acabou perdendo por 2 x 1, gols de Luizinho e Raul.

Na época, o Peru era considerado uma das maiores forças sul-americanas; o México apresentava um futebol considerado razoável porém consistente; a Costa Rica entrou no Pan como a sensação da temporada; mas, como sempre, a mais temida era a Argentina de Dominguez, Cuchiaroni, Sivori, Macchio, Corbata e Ratín. Foi uma exibição fantástica da Seleção Gaúcha, embora Teté fosse pressionado a levar jogadores de Rio e São Paulo, e ele não quis. Disse: “eu não vou levar”. “E levou só jogadores gaúchos”, relembra Larry, que integrava a equipe campeã.

Florindo, beque colorado que participou da conquista no México, recorda do time: “No gol saiu jogando o Sérgio, depois entrou o Valdir. Na lateral direita foi o Oreco, um jogador sensacional, eu como zagueiro central, como quarto-zagueiro o Ênio Rodrigues, lateral esquerdo Duarte, o meio de campo com Ênio Andrade e Odorico. A linha de ataque formada por Luizinho, Larri, Bodinho, Ênio e na ponta-esquerda Raul e depois o Chinesinho. Além destes, o banco de reservas era formado por excelentes atletas, como o zagueiro Aírton e o centroavante Juarez, que jogou todas as partidas no segundo tempo, no lugar do Larr”.

Mas o comandante daquele acratch era o próprio Teté que, com seu ímpeto e estilo de psicólogo do sobrenatural, conseguiu aliciar a todos com seu empirismo de encruzilhada e resolvia qualquer problema, até os que não tivessem muito a ver com o futebol. Se algum jogador aparecesse com alguma dor, ele sempre tinha uma mandinga para curá-lo. Um deles, Juarez, reclamava da canela esquerda. Então o técnico escalou Moura, o massagista, para tratá-lo. Arranjou um vidro com um líquido que, dizia ele, servia para evitar qualquer problema. E aplicava no local machucado, com arruda. Um dia, antes do jogo, o precioso líquido acabou:

“Seu Teté! Seu Teté! A água aquela acabou”, dizia Moura, em pânico, no intervalo do jogo. “O que eu faço?” “Não te preocupa“, disse Teté, disfarçando. “Coloca água da pia mesmo, e diz que é a benzida, que vai dar o mesmo resultado”.

E as vitórias se seguiam. O segundo jogo foi contra o Peru, com um ataque perigoso. Vitória de 1 X 0, com o lateral Oreco e Florindo frustrando as investidas andinas. Contra o México, o Brasil ganhou por 2 X 1, gols de Bodinho e Bravo contra. No dia 13, chegava a hora de enfrentar a sensação, Costa Rica. O selecionado gaúcho deu um baile e meteu sete na “sensação”, com três gols de Larry e três de Chinesinho.

Aliás, Chinesinho foi um caso à parte. Foi convocado por Teté para a ponta-esquerda, que preferiu deixá-lo no banco, em favor de Raul Klein. O treinador alegava que o jogador colorado não mantinha o desempenho ideal. Na verdade, blefava. Foi quando sacou Klein, e foi enfático com o reserva: “o Raul tá jogando que é uma beleza, eu vou te colocar, mas se tu não jogar a partida da tua vida eu não te coloco mais”. E lá foi o ponta colorado defender a sua titularidade. Jogou muito. No fim da partida, Teté disse, em tom de bravata: “o Raul tá jogando muito melhor que tu. Mas eu vou te dar mais uma chance porque tu é do Inter”.

O jogo de fundo era México e Argentina. Se o México vencesse a Argentina, o Brasil já seria campeão, independente do último jogo, porque nós havíamos vencido as quatro partidas, e a Argentina havia empatado uma, e se eles perdessem, ficariam com apenas três pontos. Sabendo disso, Teté fez de tudo para que o México liquidasse os argentinos. Aproveitando a amizade com o treinador do México, o comandante brasileiro chegou perto do homem e confidenciou:

“A gente é tudo vizinho deles, o Rio Grande é fronteira com a Argentina”, argumentava. “O negócio é o seguinte: eles são covardes, eles não agüentam, tem que dar pau neles, que eles se entregam, vocês ganham fácil. Mas tem que dar duro, dar pau neles!”

E não deu outra: o jogo foi um verdadeiro entrudo. Tanto que o número de expulsões do lado fronteiriço ao Brasil acabou beneficiando o scratch. O treinador mandou seus atletas baterem e os dois times terminaram o jogo quase sem plantel...

De repente, veio uma confusão do lado do campo. Gama Moucher, árbitro brasileiro, começou a expulsar gente dos dois times, e dado momento, a Argentina estava com sete jogadores e o México com nove. Mesmo em vantagem, os mexicanos puxaram o carro. Indignado com tamanha indolência, Teté foi reclamar do técnico dos anfitriões: “Tem que ganhar esse jogo! Tem que ganhar, e não empatar!”

E o homem nem bolacha para o brasileiro Foi quando Teté, mesmo sem voz (ele sofria de asma), foi para a lateral do campo, e começou a berrar em castelhano aos atletas mexicanos: “Arriba, pessoal! Arriba! Arranca! Atire no golo!” Não contente, mandou o massagista Moura pedir aos atacantes do México que matassem o jogo. A cena era surreal: os jogadores mexicanos, ao longe, e Tetê na ponta do campo, gesticulando furiosamente em direção ao gol: “Arriba! Arriba!“

Moura, aliás, como braço-esquerdo de Teté, foi o protagonista do episódio mais antológico e pitoresco de todo o Pan. O Brasil jogava contra o Peru que, à época, tinha um ataque fenomenal: Moschera, Félix Castillo e Draco. Era um timaço que disputava cada jogada palmo a palmo do campo. Depois do gol de Larry, aos vinte do primeiro tempo, a pressão peruana se tornava sufocante. Castillo, driblador e veloz batia Duarte com facilidade a cada ataque. Qualquer descuido do lateral brasileiro poderia ser fatal.

Em determinado lance, pelo fundo do campo, Odorico acabou lesionado, e ficou estirado na linha de fundo, sendo atendido por Moura, com sua maleta de madeira. Foi quando tudo aconteceu: enquanto verificava as condições do meio-campista colorado, o massagista sentiu a inexorável aproximação de Félix, que dribla Duarte, depois Ênio Rodrigues e corre sozinho pela linha de fundo com a bola, pronto para fuzilar Sérgio Moacir. Moura não pensa duas vezes, e atirando a pesada maleta aos pés do ponta peruano, fazendo o atleta cair estrepitosamente no gramado.

“Foi uma coisa, queriam prender o Moura”, lembra Larry. “Foi uma coisa horrível, os jogadores do Peru queriam matar ele, e nós tivemos que entrar no bolo para afastar. Foi uma coisa terrível”. Já Florindo entende que a atitude do massagista foi mais do que fundamental: “Foi um bafafá, expulsaram o Moura. Uma coisa que eu posso dizer o seguinte: se não fosse ele, o jogador peruano ia fazer o gol”.

Na final, contra a temida Argentina, Chinesinho fez 1 X 0, e Yaudica empatou, no primeiro tempo. Aos 13 minutos do segundo, de falta, Ênio Andrade fez 2 X 1. Cinco minutos antes do fim, Sívori empatou. Como o resultado garantia o título, os gaúchos só tocaram a bola até a festa.

O time campeão teve Valdir; Florindo e Figueiró (Duarte); Odorico, Oreco e Ênio Rodrigues; Luisinho, Bodinho, Larry, Ênio Andrade e Chinesinho. Na volta, Porto Alegre parou para receber os campeões. Simbolicamente ou não, a epopéia gaúcha com a camisa amarela da Seleção, além de calar os céticos, de certa forma abriu caminho para que o Brasil amealhasse o seu primeiro título mundial, dois anos depois. (O Profeta do Acontecido)

Em pé: Aneron, Vanzelotti, Valdir, Airton, Ortunho, Duarte, Florindo, Sérgio, Ênio Rodrigues, Odorico, Sarará, Figueiró, Oreco, Paulinho, Gama Malcher, Miguel Lardiez e Derly Monteiro. Agachados: Biscardi, Moura, Chinesinho, Hercilio, Milton, LuizinhoBodinho, Larry, Jerônimo, Juarez, Ênio Andrade, Raul Klein e Chicão.
Oreco, de sombreo, junto aos filhos no retorno do México (Foto: Álbum de família)
O capitão Ênio Rodrigues faz aentrega simbólica do troféu Jarrito México, ao presidente Juscelino Kubitschek, no Palácio do Catete.
O presidente da CBD, Silvio Pacheco, está no centro da foto com o troféu Jarrito México.
Maria Felix (primeira da esquerda para a direita)e Leonel Silveira (terceiro da esquerda para a direita), na festa promovida pela Federação Mexicana.
Raul Klein, o cantor Pedro Vargas e Paulinho.
Raul Klein caminha descalço pelas ruas da Cidade do México. Atrás dele estão Chinesinho e o roupeiro Chicão.
Jornal mexicano destaca conquista brasileira.
Em pé: Valdir - Oreco - Figueiró - Florindo - Odorico - Ênio Rodrigues e o massagista Biscardi. Agachados: Luizinho - Bodinho - Larry - Ênio Andrade e Chinesinho.
Aneron Corrêa de Oliveira, presidente da FRGF, Teté e Saturnino Vanzelotti segurando a Taça Zacatepec.
Em pé: Valdir - Oreco - Florindo - Odorico - Ênio Rodrigues e Duarte. Agachados: Luizinho - Bodinho - Larry - Ênio Andrade - Chinesinho e o massagista Biscardi.
Teté segura o troféu entregue pelo time Oro. Quem aparece com o distintivo da FIFA é o árbitro brasileiro Alberto da Gama Malcher
O massagista Moura tenta invadir o campo, na confusão com os mexicanos, mas é impedido pelo bandeirinha.
Em pé: Sérgio - Figueiró - Oreco - Florindo - Odorico e Duarte. Agachados: Luizinho - Bodinho - Larry - Ênio Andrade e Raul Klein.
O cantor Lucho Gatica era presença constante na concentração brasileira. Ao seu lado o atleta Sarará.
Samuel Madureira Coelho, Saturnino Vanzelotti, Luizinho e Derly Monteiro, comemorando.
Defesa do goleiro Sérgio.
Comemoração brasileira pela primeira vitória na competição. No alto aparecem Sérgio, Paloca, Hercilio e Figueiró.
Florindo sai chorando de campo, abraçado pelo massagista Moura.
Em pé: Sérgio - Oreco - Florindo - Odorico - Ênio Rodrigues e Duarte. Agachados: Luizinho - Bodinho - Larry - Ênio Andrade - Raul Klein e os massagistas Biscardi e Moura.
O técnico Teté e o jornalista carioca Fernando Carlos, comandam o pelotão dos jogadores.
Airton e Ortunho carregam a bandeira da CBD.
Ênio Andrade, Figueiró e Raul Klein na companhia de mariachis.